quarta-feira, 22 de julho de 2009

Eis aqui a minha massa

Papai, hoje, é com este restinho de farinha do fundo da lata, e é com esta pequena medida de azeite, que meu filho e eu sairemos para enfrentar o mundo.


Confiamos no Deus da multiplicação, no Juiz das viúvas e dos órfãos.



Eu confio num Senhor que traça caminhos sobre o mar onde caminho não há. Se eu não acreditasse em sua providência, Senhor, eu não teria motivo algum para viver.



É tudo o que tenho e tudo o que entrego: um punhado de farinha e um tanto de azeite. Que minha alma se ria, Senhor, quando nós com essa escassez de víveres viermos a assar dúzias, centenas de pães, tantos a ponto de compartilharmos até com os que se riem de nós.



Mostra, Senhor Deus, que ainda és o mesmo, ria-se por último, Pai. Mostra que o Senhor não mudou, nós é que mudamos, nós que deixamos de confiar em Ti, à vista da primeira dificuldade.



Eis aqui minha massa, Pai. É tudo o que eu sei fazer. Multiplicar, Papai, já é contigo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A não violência


Li em algum lugar que Gandhi se curvou respeitosamente e abençoou o indivíduo que veio lhe dar um tiro, mas isso eu li há muito tempo, e essa fonte não é segura. Se você puder corroborar esse escrito com alguma informação mais concisa, eu agradeço. Mas que combina com Gandhi combina. De um homem que acreditou até o fim na não violência, e com isso enfrentou nada mais nada menos do que o mais poderoso Império do planeta, espera-se algo assim parecido.

Gandhi nunca foi cristão. Nunca? Gandhi foi muito mais cristão do que muito cristão que conhecemos. E ele só teve palavras elogiosas para Jesus, e sempre reconheceu que o problema do Cristianismo eram as pessoas. Bom, isso até eu reconheceria, não é preciso ser um Mahatma para se chegar a essa conclusão.

Mas porquê estou falando em Gandhi, eu que me "orgulho" em manter um blogue que não entende de assunto algum? Se formos na latinha "Cultura Indiana" de minha despensa, ela estará vazia, talvez terá lá no fundo uma receitinha de chai, que copiei do programa da moça da tevê, e isso é tudo o que sei da Índia, além de saber que por lá pastam vacas tranquilas, que há um rio sagrado venerado por eles, que sua densidade demográfica é imensa e eles adoram cinema como ninguém.

Estou falando em Gandhi porque ele ensinava a combater o ódio com o amor. Serei sincera, não quero iludir meus adoráveis leitores - tenho lá minhas dúvidas. Geraldo Viramundo, o personagem de Fernando Sabino, ofereceu o outro lado da face e pá - levou um tapa no outro lado também, aliás ri muito quando li.

Dizem que amor funciona até com animais, e confesso que com animais já fiz, um certo cachorro veio disposto a tudo em minha direção há uns tempos e eu disse com voz mansa: tadinho dele, bonitão, bom menino...e ele sentou mansinho do meu lado...

Mas com gente, tenho lá minhas dúvidas. Já pensou, se um desafeto chega aqui em meu portão e eu digo: que lindinho, que fofão, tadinho do meninão...entra amigão, amigona, que bom ver você...

Qual seria a reação da pessoa, heim? E se eu contasse uma piada de infância, fosse à cozinha, fizesse uns bolinhos de chuva com açúcar e canela, um chá quentinho, perguntasse se ele (ou ela) queria um par de meias secas, e passe para esta poltrona aqui que é mais confortável, e você quer ver minhas fotos de menina?...ou prefere que eu alugue um filme? ou quer mesmo só conversar?...

Será que daria certo?

Gandhi morreu, não tenho para quem perguntar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Olhando para a lua

 Meu filho era pequenininho e brincava no quintal à noite, e a brincadeira consistia em correr da lua. Creio que todos aqui já tiveram, nos dias de vento, aquela sensação de que a lua "anda", quando na verdade o que se desloca são as nuvens. Ele corria de lá para cá e dava gostosas gargalhadas.

Interessante como crianças se divertem com fatos simples, nao é mesmo?

Mas ficou tarde, e eu o chamei para dentro, e ele me disse: - agora eu vou entrar, e a lua vai deixar de existir. E entrou.

E eu continuei no quintal, pensando: - é...a lua só existe porque eu estou olhando para ela...

E por analogia, tudo o mais: os temores...a insegurança...a escassez...as calúnias...a sensação de fragilidade...e vou parar por aqui, porque você também tem a sua lista...

É só você parar de olhar para os seus dragões que eles também param de olhar para você, e olha que eu precisei colocar um filho no mundo para entender essa, você nem vai precisar chegar a tanto.

Então agora eu vou postar e vou dormir. Amanhã, muito antes de eu acordar, e como as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã, eu tenho segurança de que terei um tratamento a dar a cada uma de minhas preocupações.

Então eu vou dormir, e enquanto eu durmo, a noite escura com todas as suas preocupaçoes, deixará de existir. Amanhã, com a Graça de Deus, saberei enfrentá-las.

sábado, 18 de julho de 2009

As roupas, os operários, o sol e o mar


Quando vou a museus, ou quando vejo fotos de obras de arte, o que mais me atrai é ver como era a forma de vestir das pessoas. Nunca fui especialista em trajes, mas imagino que as roupas eram confeccionadas ou em algodão grosseiro, ou sarja, ou então seda e veludos, com brocados e fios de ouro. Creio que existia a seda fina, como aquelas que vemos no famoso As meninas em rosa e azul de Renoir, ou então a seda mais encorpada, ou o magnífico tafetá seda e veludos, que vemos na esposa no casal Arnolfini,de Van Eyck, debruados de peles autênticas, portanto caríssimos. Devia ser gritante a diferença de trajes entre ricos e pobres.

Conta-se que São João da Cruz, desejoso ao extremo de vestir-se com absoluta pobreza, escolheu como hábito para si e seus monges o burel, que creio eu ser algo parecido com o que chamamos de saco de estopa. E descalços, apenas os mais velhos calçavam sapatos.

Mas voltando aos museus, adoro ver as magníficas golas folhadas, as imensas armações dos vestidos, as mangas e os laços rendados das camisas dos jovens, e ao mesmo tempo em que acho belo, acho triste. Devia haver muita mão de obra miserável por trás daquele luxo todo, talvez mão de obra escrava mesmo. Para cada coquete luxuosíssima, imagino uma dúzia de pobres costureirinhas, passadeiras, frisadoras de cachos, colocadoras de apliques, maquiladoras, chapeleiras, aplicadoras de seda e pluma em sapatinhos, ou seja, um grupo enorme de servidoras para que uma desocupada arrancasse suspiros masculinos.

Será que isso mudou? O certo é que não temos mais sinhazinhas escravas nos servindo, mas o que dizer das manicures, pedicures, podólogas, maquiladoras, massagistas, cabeleireiras com suas escovas definitivas e tingimentos, depiladoras que nos depilam a alma, isso sem falar em máquinas que nos arrancam a gordura do abdomem, as famolas lipoaspirações...

Paremos por aqui, senão teremos de falar nos sapatos altíssimos que nos fazem rebolar as ancas, as calças justíssimas que nos revelam o mais íntimo das nossas curvas, e decotes e transparências e.....

Na verdade o que gosto de ver nos museus é até onde vai a nossa artificialidade. Porque o que me encanta mesmo, um encanto de menina, que me arranca o prazer da emoção autêntica, é ver Tarsila. E ver Tomie.


 

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Uma capela pra Jesus

Fazer coisas pra Deus é me por fora d’Ele, pensei, ou estou n’Ele ou nem sou.
Adélia Prado em “O homem da mão seca”


Já naveguei nas águas da ilusão de que deveria fazer algo muito importante para demonstrar meu amor por Jesus, ou, que deveria fazer algo imensamente importante pelo seu Reino.

Algo assim como: se eu não tivesse vindo ao mundo, o mundo estaria parado até aquele momento, sem solução, aguardando pela Bete, a salvadora.

Hoje vejo isso com facilidade, mas eu realmente já acreditei que de mim sairia uma enorme solução, tão enorme quanto o tamanho do meu ego. Até o dia em que descobri que Deus não precisava de mim para nada, Ele "conseguiu" fazer tudo perfeitamente sem os meus palpites, e vocês, sejam agradecidos por isso. Uma noite três vezes maior que o dia era só um dos meus planos mirabolantes para o bom funcionamento do universo.

Resolvi então, já um tanto mais moderada, que tudo o que fizesse, faria como sendo para Jesus. Meu trabalho, meu lazer, minhas coisas importantes e até minhas bobeiras. E querem saber? É o que mais tem dado certo. Claro que na grande maioria das vezes eu me esqueço disso totalmente; na maior parte do tempo eu caminho no automático, o que não deveria, mas o que não consigo impedir.

Todos sabem que para caminhar, a única coisa que é preciso fazer é dar o primeiro passo, daí para frente o seu corpo "caminha você". Então seguimos pela vida meio que ligados numa tomada invisível, nos movendo mesmo no automático; ter consciência plena de si é muito complicado.

Uma vez me disseram que consciência plena de si é algo mais ou menos como o estado em que se fica, se estivéssemos trancados num quarto escuro à noite sabendo que nesse quarto há uma serpente. Com todos os sentidos totalmente aguçados e em alerta, o tempo todo, o tempo todo, o tempo todo. Quem consegue?

Mas recentemente li um livro cujo nome me foge, de um autor chamado Henri Nouwen, que me ensinou a montar um santuário, uma capelinha, dentro de mim. E tentar visitá-lo pelo menos uma vez ao dia que seja. E não é que é bacana, e não é que funciona, e não é que é bom?

Sabem, acabo de voltar da rua onde estive: no Banco conversando com uma moça chamada Priscila. Na sequência troquei a bateria do relógio com um sujeito chamado Reginaldo, sou antiga cliente dele. Entrei numa lojinha e perguntei o preço de uma blusa roxa (não comprei), e ali ao lado comi uma esfiha de queijo e zahtar deliciosa, mais um suco de caju. Embarquei no metrô, fiz baldeação, desci numa determinada estação, já vinha chegando meu ônibus, sentei num cantinho vazio e vim para casa.

Não pensei em Jesus momento algum.

Mas agora, aqui, enquanto escrevo, me veio à lembrança o santuário interior proposto pelo Padre Nouwen, e é com essa imagem que eu me despeço de vocês, é esse o meu pão para hoje. Se você ainda não tem sua capela interior, vai aqui o conselho do bom homem, construa a sua. Do jeitinho que você quiser. E a visite, sempre que lembrar. E deixe o resto no automático, deixe por conta do Pai.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O meu Eu melhor

 "Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada (pelo anjo); pois enquanto vou, outro desce antes de mim."

"Então, lhe disse Jesus: levanta-te, toma o teu leito e anda." Do Evangelho de S.João

Creio que já andei falando aqui de bolsa organizada versus vida organizada, de fazer no mundo físico o que queremos ver no mundo das idéias, aquilo que alguns chamam de fazer acontecer. Gandhi dizia que devemos ser a mudança que queremos ver no mundo.

Assim na terra como no céu.

Penso que a cura física nada mais é do que se trazer ao mundo palpável o Eu perfeito que se encontra no mundo das idéias, e acho que é por essa linha de pensamento que muitas correntes de pensamento ensinam a pensar positivo. Mentalize você curado, eles dizem. Pena que apenas uma porção infinitésima da sociedade o consegue, uma prova, a meu ver, de que não é tão fácil assim.

Jesus, o médico dos médicos o conseguia com uma facilidade espantosa, com um simples toque de mãos. Ele olhava para um leproso e o via limpo, para um cego e o via enxergando, para um paralítico e o via caminhando. Ele dava ordens e as forças da natureza se acalmavam. Jesus tinha contato constante com o mundo físico e o mundo das idéias, e não só contato, Ele tinha autoridade sobre o invisível. Quando dizia a um inválido levanta-te e anda, sabe-se lá com que forças sinistras, com que pensamentos-forma Ele estava falando. Mas que deveriam tremer, que não esperavam segunda ordem, que xispavam dali. Daí o povo achar que doenças eram demônios.

Há uns dias eu disse aqui que deveria existir um Eu perfeito de Bete em algum lugar, e isso provocou vários tipos de reação dos meus queridos. Houve quem entendesse, quem se emocionasse, quem ficasse com peninha de mim e até quem respondesse com sarcasmo, e todas as respostas foram bem vindas, amo tudo o que vocês me dizem, tenho aquela mania talvez ingênua de achar que tudo vem de Deus.

Mas acredito, sim, no meu Eu perfeito, na minha fôrma original, tanto quanto acredito na sua fôrma original, na fôrma original do país, do rio Amazonas ou da seleção brasileira.

As coisas não deveriam ser como são. Mas sabe-se lá que demônios, devas, djins, gênios do mal, manitós, espíritos, anjos malévolos, sabe-se lá que pensamentos-forma atuam para deixar este mundo tristonho como ele está.

Só Jesus, só Jesus, só Ele tem poderes para dar ordens ao invisível. A todos os exércitos do mal que vivem no mundo invisível, e não se iluda, que são tão reais quanto você e eu. E sabe qual é a única missão deles? Entristecer você. Pela doença, pelo desamor, pela falta de perdão ou tolerância, pela desarmonia no lar ou no emprego, pela falta de dinheiro, de emprego, de soluções, de...de...de...

Entristecendo-se, você se afasta de Deus, das águas curadoras, e assim retro alimenta o círculo do mal.

Jesus está sempre passando pelas margens dessas fontes pretensamente curadoras, onde se ajuntam os desavisados, à espera de anjos que agitem águas de cura, as águas da solução. Elas podem até ter nomes e aparências inocentes, muitas de fato o são: um namoro, uma balada, uma viagem, um diploma, são até necessárias na maioria das vezes. Mas não são soluções para almas feridas. - O que você faz aí? Heim? Não consegue se curar nas águas do pensamento disso ou do pensamento daquilo? Saia daí, vem comigo, levante-se.

Levante e ande.

À medida que Jesus passa pelas vidas, ele vai liberando o Eu perfeito delas, de alguma forma. De alguma forma. Eu creio. E é por crer que continuo seguindo a Jesus, é por crer que caminho com Ele na busca do meu Eu perfeito, que um dia se fundirá ao Dele, como um só. Virão Dele minhas águas restauradoras.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um registro em rosa

 Minha cachorra Naja espatifou completamente o meu registro de nascimento, e o fato me encheu de felicidade, eu e meu filho demos gostosas risadas, mas estou contando de trás pra frente, vamos ao começo.

Recentemente realizei um ato burocrático, e para tal tive de provar que era solteira, coisas do Brasil. Então meu filho foi ao cartório onde meu pai fez de mim uma cidadã brasileira, buscar uma nova cópia do meu registro de nascimento.

Bonitinho ele, cor de rosa, todo digitado em computador, tinha os símbolos nacionais em verdinho e amarelo ao alto. Meu filho, que saiu a mim e que portanto tem muito respeito por coisas antigas disse: não podemos deixar de reconhecer também o valor do documento original, veja como é lindo - e pegou cuidadosamente o fino papel que meu pai trouxe como prova de minha existência, todo cheio de selinhos, datilografado, ou melhor, dactilografado, tão fininho que parecia que uma brisa o destruiria. Ficamos olhando para aquela antiguidade, segurando com o cuidado de restauradores de obras de arte quando a Naja, num pulo, subiu no meu colo, e o que aconteceu foi muito engraçado: o documento virou pó. Sim, é verdade, ele não rasgou, ele virou fumaça.

E foi aí que meu filho e eu demos muita risada.

E o meu filho, que como disse saiu a mim, não disse mais nada, foi cuidar dos assuntos dele, mas tenho certeza de que como eu ele entendeu a mensagem, porque nós aqui em casa temos essa mania paulocoelhistica de encontrar mensagens em tudo: o lugar do passado é no passado.

Com seu adorável pulo, Naja me lembrou que eu deveria levar a sério essa repaginada do meu documento, e virar também certas páginas envelhecidas, fininhas, “dactilografadas”, cheias de selinhos antigos e amarelados, largar tudo isso pra lá, afinal, meu certificado de nascimento agora é cor de rosa, da mesmíssima cor desses novos tempos que estão surgindo. Duvida? Espere e verá.


terça-feira, 14 de julho de 2009

E não é que eu fiz?!

 
Todo blogueiro gosta de falar de si pra caramba, e eu não sou nada diferente de nenhum deles, então agora vou entediá-los um pouco contando algumas coisas curiosas que já fiz ao longo de minha vidinha, as datas estão misturadas. Entendam como parte das comemorações pelo meu aniversário. Claro que também como todo bom blogueiro, só falo as coisas bonitinhas ou inofensivas.

Já escalei o Pico das Agulhas Negras, em Itatiaia no Rio de Janeiro. Não curti nada, quando cheguei ao cume, só ficava pensando na dificuldade que seria descer tudo aquilo.

Já cantei em festival estudantil de música popular, eu sei, programa de índio. Tirei o primeiro lugar, daí vocês podem imaginar o nível do festival.

Já tive um poema publicado num livro desses promocionais de empresa, desses de se dar de presente a clientes. Não me peçam para publicar o poema, e muito menos dizer o nome da empresa.

Assisti ao programa Jovem Guarda no antigo Teatro Record. Eu era maluca pelo Ronnie Von, pelo Erasmo e pela Vanderléia, não, nunca me interessei pelo Roberto, achava ele muito feinho.

Também já fui ao Programa do Chacrinha, num teatro que ficava na Brigadeiro Luiz Antonio cujo nome esqueci. Acho que era Teatro Brigadeiro, mas não tenho certeza. Confesso que passou pela minha cabeça fazer um teste para ser chacrete, e confesso também que me arrependo de não ter tentado.

Já escrevi um livro, mas ficou tão sem graça, mas tão sem graça que abandonei os originais em uma gaveta, devem estar lá, ficarão lá eternamente, e quando eu digo que era sem graça vocês podem acreditar.

Já namorei muuuuuito, e dentre eles, um libanês, um espanhol, um argentino e um italiano. E o argentino tinha dupla nacionalidade, era argentino e italiano.

Já autorizei o pagamento de um cheque num valor que hoje seria algo como quinhentos mil reais, sem conferir se havia saldo pois o sistema estava inoperante, baseada tão somente na idoneidade financeira do cliente. (passei aquela noite sem dormir). E não faria isso novamente.

Já fui loira.

Já fui ruiva. Vermelhão!

Já desfilei num desfile mambembe de modas, usando um macacão azul, lembram da moda do macacão?

Falando em mambembe, já fiz teatro mambembe também.

E a última, porque até eu já estou cansada: quando era pequena cantei Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones num circo, e ganhei uma caixa de sabão em pó da marca Rinso.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Essa metamorfose ambulante



Então vamos lá: vamos de medicamento novo. E vamos sem leitura de bula, porque ler bula é como ler o livro do apocalipse sem a explicação do padre.

Um medicamento novo pode ser muito bom ou muito ruim, depende do ângulo, vamos aos ângulos.

Ângulo da normalidade: Eu viro uma pessoa normal, algo assim: vou dar conta de administrar os meus sentimentos, aquela coisa que chamam de inteligência emocional. Equilíbrio, é, acho que equilíbrio é a palavra. Tem quem goste da palavra centrado, fulano é centrado, tem respostas equilibradas, sabe se posicionar, sabe lidar com a pressão ou seja, um chato. Fulano dará para um bom executivo, ops, dará um bom executivo.

E tem o ângulo da anormalidade, aquela pessoa que chamamos de descompensada, se você até hoje usou essa palavra porque aprendeu por aí e nunca parou para pensar nela vou lhe ajudar a pensar nela, para isso convido você a pensar numa gangorra, claro, você vai precisar dar um pulo no passado e pegar aquela garotinha ou garotinho que esqueceu lá, porque você não vai querer me convencer de que esse sujeito engravatado ou essa mulher em meia fina em que você se transformou entende de gangorra e se você está achando esse parágrafo longo demais essa é realmente a prova de que você já esqueceu faz tempo o que é uma gangorra.

Lembrou? O que é gangorra? Claro, você dirá, e sei que você já está pensando seriamente em cair fora desta página afinal você tem dúzias de blogues em seus favoritos, e quanto mais visitas você fizer mais você recebe, então você já deve estar pensando em responder um apressado betinha desejo lindas gangorras pra você nesta segunda feira beijinhos, MAS NÃO VÁ EMBORA ANTES DE EU FALAR UM SEGREDO LEGAL:

Voce pode até lembrar o que é uma gangorra, do fundo do nó da sua gravata de seda ou de dentro das malhas de sua meia trifil 215, mas eu duvi-de-o-dó que você consiga dar conta de achar gosto em brincar de gangorra, e não minta pra dar uma de bacana porque eu tenho certeza de que se você subir numa gangorra AGORA não vai achar graça nenhuma, é que nem empinar pipa, você pode até falar que é legal, "é um retorno ao lúdico", mas no fundo acha um saco. Algo se partiu lá dentro, não foi? E que você não consegue mais emendar, por mais que queira.

Mas não se sinta péssimo. Gostar de gangorras e pipas faz parte da infância, não se sinta culpado por ter crescido, onde é que já se viu um executivo brincando de gangorra ou empinando pipas por aí? Eu só quis ser didática, e o fui a ponto de achar que você não sabia o significado da expressão "pessoa descompensada'' e para isso lancei mão do exemplo da gangorra, então vamos à ela, vamos à explicação do que é uma pessoa descompensada: uma pessoa descompensada é aquela que vive numa gangorra.

E para quem está achando que eu esqueci o tema eu não esqueci não, o tema é o medicamento novo, o ângulo bom e o ângulo ruim, então deixe-me explicar: o medicamento novo vai tirar de mim o efeito gangorra, isso porque alguém lá em cima, lá na torre, lá no comando, talvez o próprio capitão Kirk, não sei bem, alguém, definiu que gente normal não deve brincar de gangorra.

É isso. E vamos à normalidade. Se laboratórios investiram milhões nessa fórmula, deve valer muito a pena ser normal, talvez o capitão Kirk queira ficar sozinho lá na enterprise dele.

E deixo com você a decisão sobre qual é o ângulo bom e qual é o ângulo ruim, só dou uma ajudazinha cafajeste: dependendo da escolha que fizer, você vai deixar gente do tipo do Cazuza, Fernando Pessoa, Garcia Lorca, Raul Seixas, Van Gogh, Schumann, Virginia Woolf, só pra citar uns poucos exemplos, do outro lado, mas eu também não saberia dizer se isso é bom ou se é ruim, até porque não sei se decepar a própria orelha como fez o pobre Vincent seja uma experiência das mais edificantes

O que sei apenas é que essa gente aí não tomava comprimido nenhum pra se equilibrar não, mas todos deviam entender legal de brincar de gangorra.

domingo, 12 de julho de 2009

Quase um discurso de miss universo

 
 

Quando eu era menininha sonhava em contribuir com algo grandioso para o bem do universo, algo como a cura do câncer numa pílula, daí para mais.

Nos meus tempos de colegial pensei em estudar medicina e salvar vidas, mas sem uma família para me ajudar não vi perspectiva alguma de continuar com esse sonho. Pelos meus pais eu não teria feito nem curso colegial.

Vou ser advogada, pensei. Mas não sei dizer porque na última hora mudei para administração de empresas, e nesse curso me formei. Não pensem vocês que desdenho minha profissão, pelo contrário, tenho orgulho de ser uma administradora, dentro ou fora de empresas, ultimamente fora das empresas.

Cheguei a achar que seria interessante escrever uma bela peça musical, mas não passei do quarto ano de um curso de música, de onde saí mal arranhando um pobre piano. No final vendi o piano, porque precisava de espaço, leia-se dinheiro, para o berço do meu bebê.

E aquela idéia de fazer algo grandioso foi passando, foi acomodando, foi ralentando, enfim, foi apagando, apagou.

Meu último discurso passou a ser: bobagem, isso de realização pessoal é conversa de artista ou discurso de miss universo...

Mas será? Fim de ato? Chuteiras penduradas, eu, que nem uso chuteiras?

Nananinanão! Enquanto existir uma bete pereira da silva existirá esperança, e essa frase bonitinha aí quem acaba me piar é o bem-te-vi aqui da vizinhança. Para dizer a verdade nem eu mesma sei o que ainda pode sair daqui de mim e isso ao mesmo tempo em que é perturbador é também emocionante.

Na pior das hipóteses se não surgir nenhuma idéia mirabolante para melhorar o planeta, eu faço uma linda trança nos meus cabelos, compro finalmente aquele vestido pink esvoaçante e saio por aí mostrando minha beleza ao mundo, porque não sei se vocês sabem mas eu sou muito bonita, pelo menos há quem diga.

E toda essa conversa aí de cima foi só uma introdução para avisar que hoje é meu aniversário, portanto, vá deixando parabéns aí pra mim. Meio século de existência mais um troquinho não é coisa pouca não, principalmente se eu for relembrar todos os demônios que juntos insistiram em me derrubar e não conseguiram. E se até aqui eles não conseguiram, pobrezinhos, não é daqui pra frente que irão conseguir, tenho até pena de quem vier aqui na ilusão de enfrentar, nessa ordem: Jesus Cristo, Bete, minha linda história de vida, minha linda trança de cabelos castanhos e meu vestido esvoaçante pink.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

As aparências enganam


Meu ex companheiro Domênico, pai do meu filho, adorava ditados, os famosos ditos populares. Ele dizia com razão que eles traduzem toda a sabedoria de uma sociedade ao longo dos séculos, e que portanto acertam sempre.

Ele ia mais longe, ele tinha um caderninho de ditados. Então eu apresentei a ele o livro de Provérbios, da bíblia, e ele adorou, copiou vários.

Eu gostava de pegar aquele caderno para ler, são realmente muito interessantes os ditados populares. Estou falando nisso porque me veio à mente um ditado que geralmente não é bem vindo, não no momento em que os fatos estão ocorrendo. Falo do famoso "há males que vêm para bem".

Eu poderia contar inúmeras situações em minha vida em que constatei a veracidade desse ditado, foram tantas, mas tantas, que prefiro não contar nenhuma, e deixar que você lembre as suas. Porque eu tenho certeza de que você já passou por algo assim.

Algo como um lamentável acidente ou incidente, uma separação, um desemprego, uma perda, um atraso a um compromisso, uma briga, enfim...eventos terríveis no momento em que aconteceram, mas que passado algum tempo, se mostraram como poderosas soluções, excelentes brechas de oportunidades, fabulosos livramentos divinos.

Fabulosos livramentos divinos...

Uma boa releitura das contrariedades sempre ajuda. Precisamos ser protagonistas e não expectadores da nossa história. Resmungar menos e tentar conpreender mais o porquê do que nos acontece. As vezes é uma drástica intervenção divina para reorientar nossos rumos, algo que, por nós mesmos, naquele momento, não conseguiríamos realizar. Sejamos gratos.

Noutras, é um recado. Então é bom tentar interpretar esses recados divinos por trás das confusões, e aprender a lição que está sendo passada, porque senão sabe o que pode acontecer?

Aquele fato desagradável pode ocorrer de novo, e de novo, e de novo...até que aprendamos.

Afinal, água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vinde vê-lo passar

 Nada como uma boa historinha da vovó Maria Luíza, nada como uma boa trança de pão doce, para restituir o bom-mocismo do meu blogue, que confesso anda meio abalado. As histórias da vovó têm duas vantagens, a primeira é que sempre vêm com final feliz. A segunda é que são de baixo orçamento.

Então como o orçamento é baixo, vamos pegar aqui uma choupana, um casebre rude, este está bom. Chão de terra batida, vocês sabem o que é chão de terra batida?

Aqui na cozinha vamos colocar uma mesa de madeira tosca, um pequeno armário para louças e mantimentos, poucos mantimentos. Sobre a mesa vamos colocar uma toalha axadrezada, talvez um pouco desbotada, mas limpa. Coloquemos sobre a mesa uma bilha com água, e uma canequinha. No canto um enegrecido fogão à lenha, e na parede, pendurado, um lampião à querosene. Se na parede vocês quiserem colocar um quadrinho onde se lê Deus é Amor, também podem.

Em volta da vovó vamos colocar seis crianças, ou melhor, cinco, porque uma delas, uma menina, está doente na cama no quarto ao lado, e é com esse cenário pronto que a nossa história começa.

Não havia mais remédio caseiro ou mezinha que resolvesse, a menina estava com febre altíssima, e dinheiro vocês já sabem que não existe em histórias de baixo orçamento. Então vovó lançou mão de sua especialidade número um: oração. Feita a oração, e não havendo nada mesmo a fazer, ela foi para a cozinha preparar a refeição para as demais crianças. Enquanto trabalhava, começou a cantar um hino.

Há ainda alguém esperando
Para Jesus encontrar?
Venha, não mais se demore
Cristo vai hoje passar
Ei-lo de mãos estendidas
Cheio de Graça sem par
Oh! que ventura inaudita
Cristo vai hoje passar.

Quem passou foi um pastor presbiteriano, que entrou na casa atraído pelo canto. Naquele tempo os crentes eram em pouco número, então eles gostavam de se conhecer.

- Dá licença, bom dia, que bom, não sabia que existiam crentes por essas bandas...

O homem entrou e vovó o recebeu no cenário que nós montamos, creio que a conversa foi breve. Naqueles tempos, não era costume os homens se demorarem numa casa onde o esposo não estava, vovô estava na roça.

- Dona Maria Luíza, reúna as suas crianças, antes de ir embora gostaria de orar por elas.

Vovó reuniu as cinco crianças, nada dizendo sobre a menina acamada, e aqui uma explicação: minha avó jamais se queixava. Fosse qual fosse a sua dificuldade, ela nunca falava dela a estranhos. Minha mãe herdou essa qualidade, e eu, como vocês já estão cansados de saber, não.

Mas terminada a oração o bom homem insistiu: - Fora essas crianças não há nenhuma outra?

Cristo vai hoje passar
Passar, passar...
E vem de amor transbordando
Todos a si convidando
O Mestre vai hoje passar
Oh, sim, Ele vai passar!

Só então vovó falou da menina doente, e o conduziu ao quarto. O pastor entrou, viu a menina, e saiu sem dizer nada.

Ele voltou dali a quarenta minutos em um carro, e levou a menina para a Santa Casa de Misericórdia a tempo de ela receber os cuidados necessários. Era febre amarela, ela seguramente teria morrido.

E tudo por conta de um cântico.

A menina que se recuperou, cresceu e se tornou uma linda e delicada moça, uma maravilhosa mulher, era minha tia Amélia, já falei muito dela para vocês aqui. Ela foi uma mulher abençoada, que encantou a todos por onde passou, falou de Jesus para muitas crianças, ajudou muitas pessoas, inclusive e muito a mim.

Inclusive e muito a mim.

Não é de hoje que Elias ronda em torno de nossa história.
 
 

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A dona do pet shop

Bem que me avisaram, esse negócio de baile da minha idade é uma roubada, vou criar raiz aqui!

Também não devia ter vindo com essa blusinha bege, positivamente não fico bem de bege, mas a pretinha tá no tanque...

Olha o decote daquela ali! Chega no umbigo. E olha a barra da saia daquela ali! Chega na lua! Gente! Mulher da nossa idade de calça colada e cintura baixa é indecente, quem aquela tingida pensa que é? cachorra do funk, nessa idade vó?

E esse perfume que a mulherada usa, será moda? lembra fruta, que coisa mais enjoativa...bom, pelo menos estão perfumadas, eu com esse sabonetinho dove não vou longe não...

Se algum homem perguntar o que eu faço vou dizer que sou dona de um pet shop, homem deve gostar de mulher que trabalha em pet shop, que tem jeito com poodles, yorkshires, ajeita pelo daqui, ajeita pelo dali, é uma imagem sensual né? Isso! dona de pet shop! Falar que sou contadora? Nem pensar, até a mim me arrepia. Arre profissão mais frígida, profissão frígida, gostei! Nenhum homem teria fantasias com uma contadora, mas já com uma dona de pet shop...

Que calor! Mas preciso disfarçar essa de sentir calor, é dar bandeira demais da menopausa, quietinha, agüenta o calor aí. E nada de passar lencinho no bigodinho, só espero que o meu não fique suadinho aí é de lascar...

Agora só falta mesmo tocar She...ai jesuiscristinho , xiiiiiiiiii, tá tocando agora lascou-se. Todo mundo vai dançar menos a empresária do ramo dos pet shop e não é que a cachorra do funk tá dançando...mas com aquele sujeito de fiapinho de cabelinho invertido por sobre a careca eu não dançava nem morta...

Gentem! A música tá tocando, ninguém vai me tirar pra dançar?! Será que vai ter dança da Maria Cebola?

E se eu tirasse os óculos?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Porque Ele vive

Porque Ele vive
Posso crer no amanhã
Porque Ele vive
Temor não há
Mas eu bem sei, eu sei
Que a minha vida
Está nas mãos do meu Jesus
Que vivo está

Eu era pequena, pequenina mesmo, e minha mãe me agasalhava com meu mantô azul celeste de botões dourados, gorrinho azul de pompom branco, luvinhas brancas combinando com os sapatinhos e meias. Nós vamos ver um anjinho, ela dizia.

Naqueles tempos não havia velórios públicos, então ela estava me levando a uma casa para o velório de um bebezinho.

Quando lá chegamos, ela me ergueu para que eu visse o pobrezinho. Achei um amor aquela caixinha branca com frisos azuis, o bebezinho todo de branco parecia um boneco numa caixa de brinquedos, coberto com uma rendazinha branca. Minha mãe levantou a renda para que eu pudesse vê-lo.

O papai e a mamãe do bebê estavam à porta, recebendo as pessoas, ela numa cadeira, o papai de pé ao lado dela, ele vestia terno e gravata. Muito silêncio. De quando em quando, ela levava aos olhos um lencinho.

Quando chegou o instante derradeiro, os adultos chamaram as crianças, e pediram que elas conduzissem o caixãozinho. Eu não fui escolhida porque eu era pequena, pequenina mesmo.

No dia seguinte, que era um domingo, estávamos na igreja, o pastor já se preparava para pregar, quando o papai do bebezinho foi até a frente e cochichou qualquer coisa no seu ouvido. O pastor aquiesceu com a cabeça e voltou a sentar.

Então aquele homem cantou o hino cujo refrão está escrito acima.

Eu era como já disse pequena, pequenina mesmo, pequena demais para elaborar um sentimento. Mas algo me dizia, mesmo sem as desnecessárias palavras de compreensão, que eu estava talvez pela primeira vez em minha vida diante de um momento especialmente sagrado.


 

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sempre livre

 Sou livre para tomar um porre daqueles que fazem a gente esquecer nome, sobrenome, endereço e número de documentos. Mas não o faço, porque meu fígado, pobrezinho, não merece essa agressão.

Sou livre para viver uma vida totalmente desregrada, flanando pela noite de bar em bar, chegando em casa para dormir na hora em que todos estão saindo para trabalhar e só não o faço porque...bem...não sei porque não o faço.

Sou livre também para ir para a cama com quantos homens eu quiser, e convite até que tenho, pelo menos é o que noto nos olhares insinuosos de alguns. Mas não o faço há vinte e um anos, dez meses e dezoito dias, simplesmente porque não quero.

Sou livre para mandar os meus poucos amigos irem plantar batatas, principalmente quando algum deles vem falar groselhas no meu ouvido, mas não o faço porque não tenho tempo nem paciência para arrumar outros. E ninguém é perfeito.

Sou livre para falar quantos palavrões eu quiser, mas não o faço porque não combinariam com meu jeito delicado. Sou uma fina dama.

Sou livre também para fugir de casa, mas convenhamos, é um pouco tarde, e já não teria mais nenhuma graça.

Sou livre enfim para fazer uma pancada de coisas, mas paro por aqui porque a internet é pública, vai que entra aqui uma criança ou adolescente de cabeça ainda não formada, e que faça essas tais coisas sentindo-se autorizado pelas minhas falas. Sou livre para ser irresponsável comigo, mas não com os outros...portanto, crianças, não tentem fazer nada disso em casa.

E finalmente sou livre para xingar Deus de sonoros palavrões, e confesso que já o fiz. Hoje não faço mais, porque estou totalmente apaziguada com Ele, a quem chamo de Pai, Papai, Papaizinho, a quem eu amo e adoro muito muito muito. Saber-me amada por Ele é minha razão de existir.

Então perdoa, Papai, as muitas mancadas que já dei, e que só o Senhor sabe. Sabe aquelas? que nem para o Senhor eu confesso, mas que o Papai sabe? Dou risada quando me apontam defeitos, aqueles defeitos bobinhos, que eu mostro para os outros, os defeitos de plantão. Dá vontade dizer: você quer me criticar? quer apontar minhas falhas? Então senta aí que eu vou lhe contar os meus verdadeiros defeitos, aqueles de arrepiar cabelo de relógio, não essas bobagenzinhas aí de que você está me acusando...

Perdoa, Paizinho, as bobagens que estou fazendo no tempo presente, e o Senhor sabe muito bem do que estou falando...

Perdoa Papaizinho, as bobagens que ainda irei cometer, e não daqui a três anos. Minutos mesmo.

Mas perdoa principalmente Papai, as bobagens que não faço, porque não tenho coragem.

Nada me afasta do amor que tenho pelo Papai. Nada. E tenho certeza total de que se existir a tal da vida eterna, ou ressurreição, ou paraíso aqui ou algures, eu “tô dentro”. Porque apesar de minhas incontáveis mancadas, o Papai não daria essa mancada comigo, jamais, apesar da fala contrária de todos aqueles que me apontam os dedos.

E já que estamos falando neles, perdoa também Papai, os tais dos apontadores de dedos, que sei que o Senhor ama igualzinho a mim.

E amém.
 

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Jerusalém, Jerusalém!

 Quem já leu as coisas que escrevo com um mínimo de atenção, mesmo distraidamente terá notado que minha formação religiosa foi cristã reformada, protestante, crentes, como éramos chamados. Hoje todos caímos no lamentável caldeirão dos evangélicos, mas faço muita questão em dizer que evangélica eu não sou, morreria de vergonha.

Como crente fui ensinada desde muito cedo a aceitar o Jesus da bíblia. Que nasceu em Belém, rodeado de boizinhos numa mangedoura, cresceu em Nazaré, pregou pelas praias e montanhas, morreu crucificado e ressuscitou ao terceiro dia.

Ainda acredito. O que complica é o que vem depois.

Fui ensinada também a esperar a volta de Cristo, volta estrondosa, coisa de deixar Spielberg sem fala. Pessoas sendo arrebatadas, mortos ressuscitando. Catástrofes da natureza apavorando os coitados que aqui ficariam. Juízo final: os bons de um lado e os maus de outro, céu para nós, inferno para eles. Digo nós, porque fui ensinada a crer que eu estaria no time dos bons, vejam só como eram tempos inocentes.

Muita coisa foi se modificando em minha cabeça, não sei se para melhor ou pior, mas com certeza a me deixar com absoluta certeza de que não tenho absoluta certeza de nada. Até porque sou bipolar, seria querer muito de um bipolar esperar que ele tomasse uma posição num assunto assim tão controverso. Minha escolha oscila sempre entre duas posições.

Pode ser que Jesus volte. Pode ser que ele já tenha voltado e nós não tenhamos percebido, não entendemos bem o que ele quis dizer.

Pode ser que aconteçam terremotos e maremotos. Mas o que dizer dos terremotos e maremotos que acontecem dentro de mim?

Pode ser que os mortos saiam dos túmulos. Mas pode ser que as nossas vidas mortas, vazias, passem a ter real significado à luz de Cristo.

Pode ser que Cristo separe os bons dos maus. Mas também pode ser que essa separação seja dentro de mim, que ele escolha de mim a minha melhor parte, o meu lado bom, condenando meu lado ruim, minha sombra, à morte eterna.

E esse Reino? Esse novo céu e essa nova terra? Na bíblia, ela é configurada como a Jerusalém que desce, acho essa imagem lindíssima. Uma cidade formosa descendo dos céus, com ruas de ouro e cristal...isso muito me encanta. Meu grande amigo Luciano me explicou que ruas de ouro significam que o ouro deixaria de ter valor comercial, passando a ser considerado um produto tão banal a ponto de ser pavimento de rua, e esse pensamento para mim fez toda a diferença. Difícil mas não impossível de ser implantado aqui, claro, a partir da tal da paz na terra entre homens de boa vontade. Muita boa vontade.

Todos nós temos um modelo de cidade perfeita em nosso pensamento, um lugar perfeito, um Eu perfeito, mesmo aqueles que nuca pararam para pensar nisso.

Então eu acredito numa Jerusalém que pode literalmente descer dos céus.

Mas também acredito que homens e mulheres de boa vontade poderão descê-la do seu imaginário um dia.

Assim na terra como no céu, não foi essa a oração que o Mestre nos ensinou?

Não leve a sério nada do que acabei de falar, pode ser uma porção de devaneios, apenas. Tire você as suas próprias conclusões, ou não tire conclusão nenhuma, fé não é para ser analisada. O que sei é que sou apaixonada por Jesus de Nazaré, que espero nEle, e que dEle virão todas as minhas respostas, se nessa vida ou numa vida futura eu realmente não saberia dizer. Minha esperança total está em Jesus. Mesmo que tudo não passe de um sonho, é este o sonho que eu quero sonhar, Ele é o meu modelo de perfeição, o meu Eu melhor, o que está no meu imaginário. Que um dia irá descer até mim, como a Jerusalém do meu encanto.

 

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Meu coração era preto

Então um dia minha mãe levou a mim e ao meu irmão para assistirmos a um culto do Reverendo Billy Graham. Isso foi lá para as calendas de mil novecentos e bolinhas, eu era muito pequena, por aí dá pra calcular. Era no estádio do Pacaembu. Chegamos, assentamos, era noite, chovia.

Eu costumava, costumo até hoje, quando estou num evento chato, me encaixar direitinho dentro de uma bolha e lá ficar. Essa técnica eu uso muito em salas de espera e igrejas, mais em igrejas, porque salas de espera sempre tem móveis bizarros e tipos esquisitos para a gente ficar olhando. Como na igreja todo mundo está de costas para a gente, tudo o que me sobra é ficar contando quantas carecas há na platéia, até que descobri que Mário Quintana também fazia isso, dei muita risada quando li, afinal não estou sozinha em minhas bobeiras.

Estávamos então no estádio do Pacaembu, chovia, Billy Graham pregando, eu encaixada numa bolha. Subitamente, do nada, vejo meu irmão se levantando e dizendo: eu quero, eu quero aceitar Jesus!

Como? o quê? o que foi? o que está acontecendo, o que foi que eu perdi?! Eu puxava a manga do casaco da minha mãe para que ela me explicasse, mas antes de qualquer explicação, estava ao nosso lado um senhor todo engravatado, debaixo de um imenso guarda chuva preto, carregando uma bíblia maior do que uma lista telefônica. Era o caso que o tal reverendo tinha a seu serviço, ou melhor, a serviço do reino dos céus, uma equipe de voluntários, que estavam estrategicamente espalhados pelo estádio. À medida que pecadores iam levantando as mãos, eles corriam a tomar as juras de fidelidade eterna dos arrependidos. E um deles era meu irmão. Então o tal sujeito, chamando meu irmão de “senhor”, o que achei engraçado porque ele não devia ter mais de oito anos, foi perguntando coisas e meu irmão respondendo. E meu irmão foi cumprindo passo a passo o ritual de aceitar Jesus, coisa de americanos. Antes que eu pudesse dizer – eu também quero – o tal sujeito bigodudo fechou a bíblia e foi à cata de outras ovelhas.

Voltamos para casa, pela Avenida São João, e minha mãe falava ao meu irmão: Agora você é um salvo, agora se Jesus voltar você irá com ele, morar na glória, em ruas de ouro e palácios de cristal!

Aquilo não ia bem – e eu? Perguntei puxando a manga do casaco de minha mãe, desesperada. Meu irmão, embora salvo e com seu nome devidamente inscrito no livro da vida, não perdeu a oportunidade de me zombar: - você não, você não aceitou Jesus, boba!

Foi então que minha mãe voltou para casa trazendo seus dois filhos, um salvo e um condenado. Eu não parava de me culpar por não ter prestado atenção no culto, agora eu estava perdida e sem salvação. Mãe, quando é que nós vamos voltar aqui nesse Billy? Não vamos voltar mais, ele está voltando para os Estados Unidos! Meu irmão ria por detrás de minha mãe.

Então vocês que estão aqui há algum tempo já sabem o que aconteceu. Por muito tempo minha oração antes de dormir foi: Papai do céu, faz o Billy Graham voltar ao Brasil, amém.

Como papai do céu é bom, ele não trouxe o Billy, mas fez eu esquecer daquela besteira toda.

Eu lembrei dessa historinha porque semana passada, eu estava no ponto de ônibus, e uma velhinha muito bondosa e cristã aqui do bairro, me olhou de cima a baixo e perguntou: Elizabeth, quando foi que você aceitou Jesus?

Comecei a rir e disse: Ih, dona fulana, eu nunca aceitei Jesus. Vai ver que já nasci “aceitada”. A boa velhinha não achou a mínima graça, e antes que eu pudesse contar minha história, o ônibus que ela aguardava chegou. Deve ter seguido viagem pensando – essa aí não tem mais jeito...

Se não me engano o Reverendo Billy Graham esteve novamente no Brasil no final dos anos 70, eu assisti seus magníficos discursos pela TV, tranqüilamente, lixando as unhas no sofá da sala.

A história de Kim




A Praça da Sé, que é onde se localiza o marco zero da cidade de São Paulo, foi para mim também um marco, um marco de minha entrada no mundo dos adultos. Isso porque minha primeira ida sozinha ao Centro de São Paulo, que naqueles tempos chamávamos de “ir à cidade”, foi uma ida à Praça da Sé. Fiquei orgulhosa de mim mesma, e realizei por lá uma série de buscas curiosas, realizo até hoje, tenho uma porção de histórias para contar sobre meus passeios pelo centro da cidade. Mas vão ficar para outra vez, porque agora eu quero falar da coreana que distribuía folhetos.

Eu tinha quinze anos, e trabalhava no bairro da Liberdade, chegava bem cedinho ao centro de São Paulo. Ela, a coreana que distribuía folhetos, já estava ali, pelas proximidades da Praça Clóvis Bevilácqua. Essa praça não existe mais, quero dizer, ainda há uma plaqueta lá, indicativa de uma praça, mas isso creio que só serve para confundir pessoas, pois o que sobrou dela foi uma única ruela. A maior parte das edificações dali foram demolidas, por ocasião da construção do metrô Sé. Houve ali inclusive a implosão de um edifício de vinte andares, de nome Mendes Caldeira, que segundo me recordo, foi a primeira implosão de magnitude realizada no Brasil. Com isso a Praça Clóvis, como a chamávamos, foi incorporada pela Praça da Sé.

Mas naqueles tempos a praça existia, e a moça dos folhetos ficava por lá. Baixinha, rápida, olhos vivos, era ágil para nos enfiar os folhetos pelas mãos, isso mesmo, ela não estendia os folhetos, ela os colocava em nossas mãos, sempre dizendo com seu péssimo português:

- Êh Djesuuuus!!

Creio que era só isso que ela sabia falar. E antes que a gente dissesse boca é minha, já estava com o folheto na mão. Eu detesto pegar coisas que me dão nas ruas, mas folhetos religiosos eu nunca consegui recusar, mesmo que fosse para repassá-los para alguém em seguida – nunca tive coragem também de jogá-los fora. Eu costumo deixá-los nos bancos da condução, ou sobre balcões de bancos e estabelecimentos.

E assim transcorriam quase todas as minhas manhãs, pois com poucas ausências, ela estava sempre lá, a pescar pecadores bem cedo, indo para o trabalho:

- Êh Djesuuuuus!

Então minha vida tomou outros rumos, que me levaram para longe da Praça da Sé pelas manhãs. Mas como São Paulo é minha cidade, sempre existiam ocasiões em que eu voltava por aqueles lados, e era recebida por quem? Pela coreana rápida, ágil, sempre sorridente, com os seus folhetos:

- Êh Djesuuuus!

Um detalhe – sempre pelas manhãs, logo cedo. Não consigo entender o porquê, mas esse era o seu horário predileto, ou quem sabe ela tinha outros pontos de captação de pecadores pela cidade.

E assim os anos se passaram. Nos anos oitenta, ela estava lá. Nos anos noventa, ela estava lá. Na passagem do século, ela estava lá.

-Êh Djesuuuus!

Foi há um ano atrás que a vi pela última vez. Ela já não estava andando de um lado para o outro da praça, mas parada na entrada do metrô Sé. Bem mais gordinha, rostinho contendo rugas, olhos já embaçados pela idade mas ainda vivos, cabelos brancos, o sorriso de sempre, com sua mãozinha pintalgada de manchas de senilidade, enfiou nas minhas o folhetinho:

- Êh Djesuuuus!

Não a vi mais. Antes de fechar este texto, dei uma perguntada na praça. Todos disseram a mesma coisa: - É mesmo, ela sumiu. Tive de perguntar para umas seis pessoas para descobrir seu nome, até que descobri – chamava-se Kim. Um comerciante de lá me disse: - Talvez tenha morrido, ou voltado ao seu país...

Espero que Kim tenha voltado ao seu país, para um merecido descanso. Mas se ela morreu, ou enfim, quando morrer, eu tenho uma imagem desenhada especialmente para ela, é assim:

No momento de sua morte, à sua cabeceira, em seus últimos instantes, Jesus chega e lhe estende não um folheto, mas a mão, dizendo:

- Êh Djesuuuuus!

Ou outra, melhor ainda, a Kim merece várias versões, tanto que se você tiver uma, pode ir desenhando aí. É assim: Kim entra na Glória, e é recebida por um corredor de anjos, interminável, duas longas filas a perder de vista. Todos luzindo em suas melhores fardas, batendo continência e dizendo a uma só voz:

- Djesuuuus, êh a Kiiiiiiim!


quarta-feira, 1 de julho de 2009

A beleza da flor





A beleza da flor
Quando a fixo compenetrado
Volto a sentir
Quão profundas são
As bênçãos de Deus

Conhecia a alegria do mundo
Ao adornar minha sala
Com a camélia que floresceu
No jardim

Aqueles que têm
O desejo ardente de se igualar
Á beleza das flores
Possuem corações
Que a elas se assemelham (Mokiti Okada
)




Era recitando um poema de Mokiti Okada, que começavam as aulas de Ikebana, curso que pratiquei por uns pares de anos. Mas para contar como a Ikebana entrou em minha vida, preciso retornar no tempo. E retornar bastante, ao tempo da TV em preto e branco, pois foi em nossa TV em preto e branco Colorado, no programa Silvio Santos, que vi uma japonesa explicar essa arte. Mesmo sem o benefício da cor, e sendo bastante jovem, creio que tinha uns doze anos, eu senti profundo interesse por aquele belo trabalho. E tratei de memorizar o nome – Ikebana – eu repetia de tempos em tempos, como que a tirar aquele nome da prateleira da minha mente e espaná-lo, para não esquecer.

Eu já era madura, perto dos meus quarenta anos creio, quando assisti minha primeira aula na Fundação Mokiti Okada, e tão grande foi o meu encanto que fiquei por algum tempo.

Para mim, aprender Ikebana, foi muito mais do que aprender técnicas de vivificação da flor – vivificação, note bem – jamais se chama uma ikebana de arranjo, é considerado até uma ofensa. Ikebana é uma arte viva.

Aquelas delicadas japonesas, me ensinaram muito mais do que lidar com a flor. Ensinaram-me a cortesia, a amabilidade, a gentileza, o toque carinhoso, a leveza do gesto, e em muitas vezes a firmeza do gesto, para se fixar um galho mais difícil. Mas de um modo geral, foi um curso de vida.

Elas nos estimulavam à cortesia. Uma aula de Ikebana, começa com a preparação da classe. Em primeiro lugar, há que se receber o material, as flores e os galhos que irão compor o estudo do dia. Então a professora dá as diretrizes do trabalho – se iremos estudar linhas, curvas, espaços, se iremos explorar plano alto, plano baixo, enfim. Em seguida, as alunas distribuem o material entre si, e aí já começa a prática da cortesia:

- Querida, esta gérbera está mais bonita que essa, fique com ela para você. – Não, querida, fique você! – Não, eu faço questão, quero que você fique com ela. Uma gentil aluna de Ikebana nunca avança para escolher o melhor material, pelo contrário, ela escolhe o melhor material para outra colega de classe.

Depois as alunas vão ao depósito escolher os vasos, um mais lindo que o outro, todos feitos lá, pela turma de escultura e modelagem em argila. Aí se pratica o mesmo exercício da delicadeza, umas escolhem vasos para as outras. Alunas mais novas carregam os vasos para as alunas mais idosas. Depois, para colocar água e levar para a mesa de trabalho, vale a mesma educação – umas ajudam as outras no transporte.

Feito e terminado o trabalho, as alunas saem em giro pela classe, para admirar os trabalhos uma das das outras, sempre elogiando, críticas jamais. Quando há a necessidade de uma correção, a professora intervém, com delicadeza, jamais colocando a mão no trabalho da aluna, mas com sugestões, ela orienta a aluna pelo caminho que deve ser o correto.

O trabalho inverso, de desmontagem do trabalho, obedece ao mesmo padrão de educação e cortesia, finalizando com o descarte de galhos que não foram usados: todos são cortados em pedaços pequenos, num respeito para com o lixeiro. A sala deve ser deixada no mesmissimo modo em que foi encontrada.

No começo aquela cortesia toda me soava meio forçada. Mas com tempo aquilo foi incorporando aos nossos modos, todas fomos ficando mais educadas e elegantes.

O nome do estilo que estudei é o Sanguetsu – o caminho da montanha, da flor e da lua. O estilo foi criado por Mokiti Okada, que é mais conhecido como Meishu Sama, que é o seu nome espiritual, significa Senhor da Luz. Meishu Sama foi o fundador da Igreja Messiânica, que funciona no mesmo prédio, no andar térreo.

Como eu chegava cedo, tinha tempo para ficar no templo, onde sempre uma ou outra japonesa me convidava a realizar preces. É uma longa cantilena em japonês, que eles realizam de frente para o altar, que tem no centro a palavra LUZ escrita em caracteres japoneses, dizem eles que é uma cópia da mesma palavra escrita por Meishu Sama. Depois da longa prece, eles rezam um pai nosso, e aí então eu acompanhava. Terminado isso, eles batem palmas três vezes, em veneração ao mestre, e se inclinam.

Os messiânicos ministram o Johrei, que é uma espécie de passe energético, que segundo eles, livram as pessoas de vários males. Cheguei a receber muitos deles.

Então foi assim que realizei um sonho de infância. Aprendi Ikebana, enchi minha casa de flores por um bom tempo, presenteei inúmeras amigas com trabalhos, cheguei a ornamentar templos, ornamentei até um espaço de um congresso, e até ganhei algum dinheiro com minhas ikebanas.

Recebi diplomas, tirei fotos, assisti várias cerimônias em seus templos, visitei o solo sagrado que eles têm em Guarapiranga, recebi incontáveis ministrações de Johrei.

E saí dessa experiência com um profundo carinho e um profundo respeito pelos japoneses messiânicos amantes dessa linda arte chamada Ikebana.