sexta-feira, 3 de julho de 2009

Jerusalém, Jerusalém!

 Quem já leu as coisas que escrevo com um mínimo de atenção, mesmo distraidamente terá notado que minha formação religiosa foi cristã reformada, protestante, crentes, como éramos chamados. Hoje todos caímos no lamentável caldeirão dos evangélicos, mas faço muita questão em dizer que evangélica eu não sou, morreria de vergonha.

Como crente fui ensinada desde muito cedo a aceitar o Jesus da bíblia. Que nasceu em Belém, rodeado de boizinhos numa mangedoura, cresceu em Nazaré, pregou pelas praias e montanhas, morreu crucificado e ressuscitou ao terceiro dia.

Ainda acredito. O que complica é o que vem depois.

Fui ensinada também a esperar a volta de Cristo, volta estrondosa, coisa de deixar Spielberg sem fala. Pessoas sendo arrebatadas, mortos ressuscitando. Catástrofes da natureza apavorando os coitados que aqui ficariam. Juízo final: os bons de um lado e os maus de outro, céu para nós, inferno para eles. Digo nós, porque fui ensinada a crer que eu estaria no time dos bons, vejam só como eram tempos inocentes.

Muita coisa foi se modificando em minha cabeça, não sei se para melhor ou pior, mas com certeza a me deixar com absoluta certeza de que não tenho absoluta certeza de nada. Até porque sou bipolar, seria querer muito de um bipolar esperar que ele tomasse uma posição num assunto assim tão controverso. Minha escolha oscila sempre entre duas posições.

Pode ser que Jesus volte. Pode ser que ele já tenha voltado e nós não tenhamos percebido, não entendemos bem o que ele quis dizer.

Pode ser que aconteçam terremotos e maremotos. Mas o que dizer dos terremotos e maremotos que acontecem dentro de mim?

Pode ser que os mortos saiam dos túmulos. Mas pode ser que as nossas vidas mortas, vazias, passem a ter real significado à luz de Cristo.

Pode ser que Cristo separe os bons dos maus. Mas também pode ser que essa separação seja dentro de mim, que ele escolha de mim a minha melhor parte, o meu lado bom, condenando meu lado ruim, minha sombra, à morte eterna.

E esse Reino? Esse novo céu e essa nova terra? Na bíblia, ela é configurada como a Jerusalém que desce, acho essa imagem lindíssima. Uma cidade formosa descendo dos céus, com ruas de ouro e cristal...isso muito me encanta. Meu grande amigo Luciano me explicou que ruas de ouro significam que o ouro deixaria de ter valor comercial, passando a ser considerado um produto tão banal a ponto de ser pavimento de rua, e esse pensamento para mim fez toda a diferença. Difícil mas não impossível de ser implantado aqui, claro, a partir da tal da paz na terra entre homens de boa vontade. Muita boa vontade.

Todos nós temos um modelo de cidade perfeita em nosso pensamento, um lugar perfeito, um Eu perfeito, mesmo aqueles que nuca pararam para pensar nisso.

Então eu acredito numa Jerusalém que pode literalmente descer dos céus.

Mas também acredito que homens e mulheres de boa vontade poderão descê-la do seu imaginário um dia.

Assim na terra como no céu, não foi essa a oração que o Mestre nos ensinou?

Não leve a sério nada do que acabei de falar, pode ser uma porção de devaneios, apenas. Tire você as suas próprias conclusões, ou não tire conclusão nenhuma, fé não é para ser analisada. O que sei é que sou apaixonada por Jesus de Nazaré, que espero nEle, e que dEle virão todas as minhas respostas, se nessa vida ou numa vida futura eu realmente não saberia dizer. Minha esperança total está em Jesus. Mesmo que tudo não passe de um sonho, é este o sonho que eu quero sonhar, Ele é o meu modelo de perfeição, o meu Eu melhor, o que está no meu imaginário. Que um dia irá descer até mim, como a Jerusalém do meu encanto.