terça-feira, 3 de março de 2009

A tangerina roxa...continuação



5.
Uma vez atravessado o portão, tornei a me encontrar com uma antiga amiga, a dona insegurança.Uma sensação de medo e apreensão muito minha conhecida se apresentou, mas devo dizer que, naquele lugar, aquela foi a última vez. Dali em diante, todos os acontecimentos e situações que me sobrevieram chegaram a mim com suavidade, como deixas de peça de teatro, todos se superpondo com leveza. No exato momento em que minha mente articulou um "e agora?", vi três mulheres vindo em minha direção.

Eram todas da mesma idade que eu, e cada uma diferente da outra na cor, na altura, no biotipo. Traziam lindos vestidos longos, e todas tinham os cabelos artísticamente penteados. Meu olhar imediatamente se fascinou pelo vestido amarelo alaranjado de uma delas, lembrava a cor das tangerinas, com raiados de cor âmbar. Um vestido gracioso, de cintura alta, levemente pregueado, vaporoso, solto, a cor era maravilhosa. Quando levantei o olhar, não vi mais as outras mulheres, embora não houvesse lugar algum onde elas pudessem estar, estávamos em espaço aberto.

No exato momento em que puxei o fôlego para dizer eu sou a Bete, na mesma deixa, como se fosse a minha dubladora, ela disse: você é a Bete, eu sei, eu sou Rowena. Foi então que eu olhei para ela com mais atenção e a constatação foi muito interessante: ela era parecidíssima comigo. Tinha a minha altura, meu tipo físico, mesma cor de pele e o mesmo cabelo, e parecia-se comigo também nas feições do rosto. Só que ela parecia ser feliz.

No exato momento em que ia perguntar por Lídia, ela me disse com suavidade: Lidia chegou bem, e está esperando por você no pavilhão, e me indicou o caminho. Mas antes venha comigo que eu vou lhe instalar, e levou-me a um chalé.

Era uma pequena e delicada casinha, o telhado eu já tinha visto parecido em alguns documentários de televisão, eram daqueles que captam a energia solar. Coisa rara, pensei, mas nada extraterrestre. A casinha era quadrada, e seu interior, apesar do calor intenso de fora, era agradavelmente refrigerado, embora não houvesse aparelho de refrigeração algum. Notei na entrada que a casinha era aparentemente montada numa base redonda, escura, e novamente Rowena se adiantou à minha dúvida:

- A casa gira para melhor se posicionar ante a luz e o calor do sol.

- Você encontrará roupas no armário, caso queira, ela disse. Depois de ver sua amiga, aguardo você na recepção, você saberá encontrá-la. De fato existiam placas indicativas por toda parte.

Tudo muito bonito e organizado, mas nada interestelar, comentei com minha amiga. Tomávamos suco gelado, que nos foram servidos em belíssimas taças, eu nem diria taças, eram como vasos de cristal colorido, belamente trabalhados, leves, levíssimos.

- Que belo vestido ela disse! Eu vestia um longo de seda laranja com franjas douradas bordado de miçangas, ao qual simplesmente não conseguira resistir, e usava perfumes também, e sabem de onde? de torneirinhas, que haviam na pia do banheiro, torneirinhas com perfumes!! Lidia também estava super perfumada, e usava um lindo vestido lilás e roxo com aplicações de veludo e pedrarias, e nos sentíamos ótimas.

Continua...