sábado, 5 de julho de 2008

Era e não era



Mai imaginem vanceis
Eu andava a viajá
Andava a corrê mundo
Quando um dia
Ansim de asurpresa
Arrecebi uma triste nova
Meu pai ia pa cova
Eu ia nascê
Isso é um absurdo
Mai que fazê

Então vortei pra tráis
Perdi uma capa
Uma capa que eu nem levava
Mai valeu
Topei com uma arve de figo
Carregadinha de pesgo maduro
Trepei lá por cima em riba
E toca a apanhá maçã

Mai o dono do feijoá gritou:
Oh seu tinhoso!
Ta robano pimenta, buxa, margarida do quintá aeio?
Eu ia arrespondê
Mai o marvado agarrou num moio de repoio
E me arrumô na testa
Ô festa!
Esbandaiô co joeio!

Minha mãe costumava recitar essa poesia nas festinhas da igreja, isso pra vocês verem como eram tempos inocentes. Desconheço o autor. O que sei é que estou exatamente assim hoje. Meu filhote abandonou o emprego, acabo de ganhar um rapagão para rebocar com o meu mísero salário. Ele acaba de sair dizendo: Bete, Deus não vai me desamparar. Então tá. Amém.