É uma Kombi velha caindo aos pedaços, aqui em São Paulo chamamos de perua, será que em todo Brasil é assim? Tem um alto falante, coisa mesmo do século passado, músicas desgraçadas de feias, e uma voz anasalada berrando: Padeiro!
Você poderá achar que estou novamente a iniciar uma historinha do século vinte, mas acredite se quiser, é do presente século mesmo, bem presente. Ele anda meio sumido, não aparece sempre: ou tem vasta freguesia, ou anda meio deprimido, porque seu negócio já foi melhor.
Mas eu acredito que ele não tenha do que se queixar não, porque basta um ameaço daquelas músicas medonhas, mais o pregão: padeiro! que a mulherada sai às calçadas. O homem ainda tem o dom de atrair mulheres, vejam só!
Mas ele reclama, diz que já vendeu mais, que os supermercados bacanas e as padarias sofisticadas têm roubado sua freguesia. Eu não digo nada, para não deprimi-lo ainda mais, mas o que tem roubado a sua freguesia na verdade é o dinheiro de plástico. Por conta dele, hoje em dia ninguém mais tem dinheiro de contado no bolso, e o sujeito ainda não usa as maquinetas, as tais que processam os cartões dos eternamente endividados.
A peça de resistência é o pudim de padaria, aquela coisa de cor amarelo caramelada com gosto de nada, talvez um leve gostinho de coco, mas que é irresistível, vai se saber porquê. Aquele pudim que nós jamais conseguiremos fazer em casa. Eu compro logo uns quatro pedaços.
Depois vêm as broas de milho, perfumadas, que me levam a pensar: será que é mesmo perfume de milho ou alguma essência? Sim, porque já foi o tempo em que perfume de comida era perfume de comida mesmo, hoje a gente compra o aroma que quiser nos vidrinhos.
Essas broas eu comprava em algumas tardes de domingo, e levava para as noites de Santa Ceia em minha igreja, era apreciadíssima, sobretudo pelas crianças. Lá em nossa igreja as crianças participavam da cerimônia, era muito agradável, e muito difícil também, porque enquanto o pastor estava ministrando, sério e compenetrado, elas estavam disputando o melhor pedaço da broa.
Depois têm as baguetes, detesto, aquele pão magrinho que gente esnobe gosta muito, não consigo explicar qual a relação entre gente esnobe e pão magrinho, mas é assim que eu sinto, me desculpe se você gostar de pão magrinho e não for esnobe.
E finalmente, mas não menos importante, ela, a dona da perua, a gostosona: Tchan Tchan!!! A VANDERLÉIA!! Que nada mais é do que pão doce com creme amarelo e raspinhas de coco. Como, nada mais é?! Pois a Vanderléia é tudo, tudo de bom, e parece que toda ela está a gritar por um cafezinho. É impossível não olhar para uma Vanderléia sem já ir botando água para ferver providenciando um café, pois comê-la sem o acompanhamento de um café parece algo como um desrespeito. Há que se respeitar a loira! E esquecer que ela é uma afronta à nossa cintura, afinal, o padeiro não há de passar novamente tão cedo, então comamos e bebamos pois amanhã iniciaremos um regime.
Então taí! Pedido de leitor é pra ser atendido asinha, é pra sair rapidinho do meu forno.
Pra você, meu gato! E pra todos os demais também, claro, a Vanderléia dá pra todos, com perdão do trocadilho.
Err...não tinha coco...
Você poderá achar que estou novamente a iniciar uma historinha do século vinte, mas acredite se quiser, é do presente século mesmo, bem presente. Ele anda meio sumido, não aparece sempre: ou tem vasta freguesia, ou anda meio deprimido, porque seu negócio já foi melhor.
Mas eu acredito que ele não tenha do que se queixar não, porque basta um ameaço daquelas músicas medonhas, mais o pregão: padeiro! que a mulherada sai às calçadas. O homem ainda tem o dom de atrair mulheres, vejam só!
Mas ele reclama, diz que já vendeu mais, que os supermercados bacanas e as padarias sofisticadas têm roubado sua freguesia. Eu não digo nada, para não deprimi-lo ainda mais, mas o que tem roubado a sua freguesia na verdade é o dinheiro de plástico. Por conta dele, hoje em dia ninguém mais tem dinheiro de contado no bolso, e o sujeito ainda não usa as maquinetas, as tais que processam os cartões dos eternamente endividados.
A peça de resistência é o pudim de padaria, aquela coisa de cor amarelo caramelada com gosto de nada, talvez um leve gostinho de coco, mas que é irresistível, vai se saber porquê. Aquele pudim que nós jamais conseguiremos fazer em casa. Eu compro logo uns quatro pedaços.
Depois vêm as broas de milho, perfumadas, que me levam a pensar: será que é mesmo perfume de milho ou alguma essência? Sim, porque já foi o tempo em que perfume de comida era perfume de comida mesmo, hoje a gente compra o aroma que quiser nos vidrinhos.
Essas broas eu comprava em algumas tardes de domingo, e levava para as noites de Santa Ceia em minha igreja, era apreciadíssima, sobretudo pelas crianças. Lá em nossa igreja as crianças participavam da cerimônia, era muito agradável, e muito difícil também, porque enquanto o pastor estava ministrando, sério e compenetrado, elas estavam disputando o melhor pedaço da broa.
Depois têm as baguetes, detesto, aquele pão magrinho que gente esnobe gosta muito, não consigo explicar qual a relação entre gente esnobe e pão magrinho, mas é assim que eu sinto, me desculpe se você gostar de pão magrinho e não for esnobe.
E finalmente, mas não menos importante, ela, a dona da perua, a gostosona: Tchan Tchan!!! A VANDERLÉIA!! Que nada mais é do que pão doce com creme amarelo e raspinhas de coco. Como, nada mais é?! Pois a Vanderléia é tudo, tudo de bom, e parece que toda ela está a gritar por um cafezinho. É impossível não olhar para uma Vanderléia sem já ir botando água para ferver providenciando um café, pois comê-la sem o acompanhamento de um café parece algo como um desrespeito. Há que se respeitar a loira! E esquecer que ela é uma afronta à nossa cintura, afinal, o padeiro não há de passar novamente tão cedo, então comamos e bebamos pois amanhã iniciaremos um regime.
Então taí! Pedido de leitor é pra ser atendido asinha, é pra sair rapidinho do meu forno.
Pra você, meu gato! E pra todos os demais também, claro, a Vanderléia dá pra todos, com perdão do trocadilho.
Err...não tinha coco...