sexta-feira, 16 de maio de 2008

O enfrentamento



Esta manhã conversei rapidamente pelo MSN com uma colega de trabalho, que está afastada por doença, depressão. Ela não estava nada bem, tomando remédios fortes, fazendo sessões de análise, e pelo pouco que conversamos, senti que estava profundamente deprimida. Não havia nada que eu pudesse fazer ou falar num chat de bate papo, portanto disse apenas que oraria por ela, o que realmente fiz.

Conheço a depressão, convivo com meus processos depressivos, e estou ciente de que a depressão é uma doença, e como tal deve ser tratada. Mas existe um enfrentamento que deve ser feito pelo paciente, algo que depende apenas dele e de mais ninguém.

Se eu me deixasse levar pelos meus quadros depressivos, eu não sairia da cama em muitas manhãs, o que até chego a fazer em alguns finais de semana, poucos, felizmente. Mas quando isso acontece, e o domingo está terminando, eu me atiro debaixo do chuveiro, na seqüência arrumo os cabelos, unhas, sobrancelhas, e decreto o meu retorno à vida. Não o faço somente por responsabilidade perante o meu trabalho, mas por responsabilidade comigo mesma.

É um perigo perder o controle sobre esse tipo de situação, creio que em alguns casos é possível não haver volta, porque a depressão se alimenta dela mesma.

No primeiro e único afastamento que tive do trabalho, devido a uma fase aguda de minha doença, em dado momento da licença, creio que ao final de um mês de afastamento, eu fui ao setor de perícias do governo e disse que queria retornar. A cabeça ainda estava tonta de tantos medicamentos, eu me sentia confusa, e sem ânimo algum para enfrentar o trabalho e seus costumeiros problemas. Mas retornei. Na seqüência perdi o emprego, não existe simpatia do empregador para funcionários que retornam de afastamentos dessa natureza. Mas demonstrei coragem para enfrentar a vida, mesmo com minhas limitações, e isso para mim foi o mais importante. Aquele emprego não me merecia. Se eu tivesse prorrogado a minha licença por mais tempo, talvez não o tivesse perdido, mas teria perdido o valioso aprendizado que foi esse, o de enfrentar os meus retornos com coragem, apesar de todas as dificuldades.

Depressão é uma doença sim, mas que deve ser enfrentada, jamais cultivada.