Agora eu vou contar uma historinha singela, e tenho certeza de que você irá gostar. Quem me contou foi minha mãe, aconteceu na cidade em que ela nasceu, Jaú, interior de São Paulo, lá pelos idos da década de 30.
Coriolano passou pelo planeta com uma única missão: chorar os mortos. Ele adivinhava onde eles estavam. Havia em Jaú um centro comercial, e em torno deste um extenso povoado, muitas fazendas e plantações menores. Como a pobreza era grande, morria-se muito. E Coriolano era sempre visto, chorando, andando de um lado para outro, sempre na direção de mortos para prantear.
Quando alguém o via, logo perguntava: Quem foi que morreu, Coriolano? E ele, sempre chorando, respondia: morreu meu irmãozinho, em tal lugar assim assim, e eu estou indo para lá me despedir. Ele sempre chamava os mortos de irmãozinhos. E tão certo como dois e dois são quatro, havia mesmo um defunto lá.
Por conta desse ir e vir, e desse carpir, Coriolano não tinha residência fixa. O povo daquela região gostava dele, o agasalhava e alimentava.
Quando morriam ricos, o cortejo era muito bonito, segundo minha mãe. Isso porque naquele tempo somente os ricos possuíam carros. Então o cortejo era uma profusão de magníficos carros vistosos, coloridos, a criançada saía toda às ruas para ver o enterro passar.
Mas não ocorria aos ricos levarem o Coriolano em algum dos carros. Mas mesmo assim ele ia, era portanto o último que passava. Como ele ia andando, quando chegava ao local do enterro, o defunto já tinha sido carpido, encomendado, enterrado e em alguns casos até esquecido. Ele não se importava com isso, debruçava-se sobre o túmulo recente, e ali chorava, muito mais talvez do que os parentes que lá tinham deixado o morto.
Um dia Coriolano também morreu. E o povo daquele lugar lhe prestou uma justa homenagem, foi um dia de feriado. As crianças não foram à escola, os comerciantes baixaram as portas das lojas, e a emissora de rádio local disse a seu respeito bonitas palavras. E todo aquele povo foi ao seu enterro lamentar.
Lamentar a morte do lamentador Coriolano...
Comovente esta história, não? Eu sabia que vocês iriam gostar.
Coriolano passou pelo planeta com uma única missão: chorar os mortos. Ele adivinhava onde eles estavam. Havia em Jaú um centro comercial, e em torno deste um extenso povoado, muitas fazendas e plantações menores. Como a pobreza era grande, morria-se muito. E Coriolano era sempre visto, chorando, andando de um lado para outro, sempre na direção de mortos para prantear.
Quando alguém o via, logo perguntava: Quem foi que morreu, Coriolano? E ele, sempre chorando, respondia: morreu meu irmãozinho, em tal lugar assim assim, e eu estou indo para lá me despedir. Ele sempre chamava os mortos de irmãozinhos. E tão certo como dois e dois são quatro, havia mesmo um defunto lá.
Por conta desse ir e vir, e desse carpir, Coriolano não tinha residência fixa. O povo daquela região gostava dele, o agasalhava e alimentava.
Quando morriam ricos, o cortejo era muito bonito, segundo minha mãe. Isso porque naquele tempo somente os ricos possuíam carros. Então o cortejo era uma profusão de magníficos carros vistosos, coloridos, a criançada saía toda às ruas para ver o enterro passar.
Mas não ocorria aos ricos levarem o Coriolano em algum dos carros. Mas mesmo assim ele ia, era portanto o último que passava. Como ele ia andando, quando chegava ao local do enterro, o defunto já tinha sido carpido, encomendado, enterrado e em alguns casos até esquecido. Ele não se importava com isso, debruçava-se sobre o túmulo recente, e ali chorava, muito mais talvez do que os parentes que lá tinham deixado o morto.
Um dia Coriolano também morreu. E o povo daquele lugar lhe prestou uma justa homenagem, foi um dia de feriado. As crianças não foram à escola, os comerciantes baixaram as portas das lojas, e a emissora de rádio local disse a seu respeito bonitas palavras. E todo aquele povo foi ao seu enterro lamentar.
Lamentar a morte do lamentador Coriolano...
Comovente esta história, não? Eu sabia que vocês iriam gostar.