quarta-feira, 24 de junho de 2009

Da janelinha do ônibus

Eu estava num ônibus, indo para o trabalho, e como todos os outros passageiros, o meu olhar estava em ponto morto. Mas algo na calçada me atraiu, mas não foi nada de tão surpreendente assim, pelo contrário, um fato dos mais banais para aquela calçada, até porque aquela calçada era de uma maternidade. Um casal de jovens, pouco mais que duas crianças, saiam do imponente edifício, ela segurando um bebezinho que estava dando sem dúvida o seu primeiro passeio neste mundo. Um jovem casal dando seus primeiros passos como família. Acho esses momentos tão íntimos, que me envergonho de olhar, não é direito, pensei. Ninguém os viu naquele momento. Apenas eu. No mundo inteiro, apenas eu.

Eu e Deus.

Emocionam-me demais esses momentos, emociona-me demais compartilhar algo somente com Deus. São momentos em que eu me sinto inteira em Sua santa presença, sinto uma deliciosa cumplicidade com o divino tomando conta de mim, sinto-me "quase lá"...

Como em outra vez, também num ônibus, margeando uma favela. Num varal, na calçada, para quem quisesse ver, a intimidade humana representada por calças, calcinhas, sutiãs, blusas, meias e lenços panejava ao vento. Pensei, Deus! Eu não tinha o direito de estar contemplando este quadro tão íntimo da vida de pessoas que desconheço.

Quando o ônibus se afastou, eu me dei conta de que aquilo tinha sido uma uma comunhão e uma prece.