domingo, 28 de junho de 2009

O caminhãozinho de feira e eu


Quando ganhei meu bebê há vinte e poucos anos atrás, no dia em que fiquei de alta, houve uma pane geral nos telefones. E numa daquelas sequências de equívocos difícil até de explicar, ninguém apareceu para me buscar. Coisa de comédia de costumes mesmo. Depois, refazendo o fio do erro, achei até engraçado. Minha médica avisou a pessoa errada da forma errada, que também repassou a informação da forma errada, enfim, em um determinado momento, todos os envolvidos entenderam que uma outra pessoa iria me buscar. E não veio ninguém.

O complicador disso tudo, é que era uma maternidade pública. Não se deixa paciente ocupando espaço um minuto à mais do necessário: - mãe, você e seu bebê estão de alta, cadê as roupinhas dele?

Um dia antes eu tinha mandado toda a minha roupa para casa, e ficou combinado que quem viesse traria minha roupa de saída, e a roupa do bebê.

Então lá estava eu, com uma linda camisola longa combinando com o pegnoir, toda branca. E só. Meu filhote, coitadinho, lá no berçário, envolto em panos e deitado numa caminha de vidro, aguardava seu primeiro traje de passeio.

Mas nenhum telefone atendia, eu não sabia o que fazer.

Saio daqui de camisola, tomo um taxi? - Não, não deixamos o bebê sair com as roupas do hospital. Não havia o que fazer.

Mas minha amiga Lídia, em uma cidade distante dali, captou mentalmente o meu chamado, a Betinha deve estar precisando de mim, quer saber? vou direto na maternidade, ela deve estar lá. E já que estou indo - isso tudo ela me disse - vou levar este lindo vestido branco para ela sair toda bonita. Ela trouxe também a roupinha completa para a retirada do bebê, que fôra de sua filha, toda branca, incluindo um lindo xale.

- Mãe, seu marido chegou! me disse a enfermeira com aquela cara de: "finalmente"!

"Meu marido" na verdade era o marido dela, eles eram feirantes, vieram direto do trabalho, em uniformes de trabalho.

Saímos da maternidade meu bebê e eu vestindo branco, eu num lindo vestido longo rendado, ele, num lindo enxoval de tricô. Num caminhãozinho de feira.

Gosto muito desta história, e a escrevo aqui para que fique registrada nas paredes da minha memória, leia-se servidores. Ela me lembra o cuidado de Deus em minha vida que chega à perfeição do detalhe, à minúcia do capricho do serviço completo. Gosto de lembrar desse acontecimento quando estou me sentindo desorientada e desamparada, pois me traz à memória um Deus que nunca me desamparou.

E me faz lembrar também o quão importante é termos esses bons amigos, gente que está atenta à voz do Espírito Santo, que capta o nosso pensamento, e nos atende sem que tenhamos de pedir.

Se você não tem um amigo ou amiga assim, está na hora de se empenhar em ter.

Porque na vida da gente isso faz toda a diferença.