Se eu fosse fazer uma definição de mim mesma, daquelas de se colocar em perfil de orkut, mas se eu quisesse elaborar uma que fosse de fato sincera, acho que diria que sou o somatório das mancadas dos outros e das minhas próprias mancadas, mais essas últimas. Tudo isso aliado à uma vontade ridiculamente teimosa de ainda dar certo, de ainda encontrar o meu lugar, se é que isso existe, se é que essa frase "o meu lugar" não é mero clichê, desses que ouvimos em programas televisivos matinais, que a moça fala enquanto ensina a receita do pudim.
Talvez dissesse que minha teima ainda é encontrar meu Eu perfeito, que deve estar em algum lugar, porque eu me recuso a acreditar que o Criador me rascunhou de qualquer jeito e me jogou ao léu. Existe uma fôrma perfeita de bete em algum lugar, e o bom Deus, como naquela brincadeira que fazemos com as crianças e os ovos de páscoa, a escondeu sob alguma moita, e está torcendo para que eu a encontre. Brincadeira meio sem graça, eu diria, porque estou cansada, porque já tenho meio século de existência, porque já ando meio sem vontade de brincar.
Ou talvez deve existir um armário, o armário dos desenhos perfeitos. Lá estão os originais dos joões, marias, josés, raimundos, aparecidas e betes, e eu só queria ver, eu só queria admirar, como menina que admira a boneca na vitrine, só queria saber como é a bete original que Deus desenhou.
Talvez pedisse para a segurar no colo um pouquinho, só um pouquinho, como costumava implorar às meninas ricas com suas lindas bonecas, que minha mãe me levava a visitar. Seria bom conhecer a minha Eu que tivesse cabelos de verdade, vestidinhos bordados, bolsinha, pentinho de pentear.
Aquela Eu que Deus desenhou e criou perfeitinha, e que deve estar numa linda caixa selada em celofane, em alguma prateleira, aguardando que alguma menina a leve para brincar.
Porque eu preciso descobrir em que momento de minha vida essa criação tão mimosa e tão perfeita se transformou nesta boneca de pano e cabelos de barbante.
Talvez dissesse que minha teima ainda é encontrar meu Eu perfeito, que deve estar em algum lugar, porque eu me recuso a acreditar que o Criador me rascunhou de qualquer jeito e me jogou ao léu. Existe uma fôrma perfeita de bete em algum lugar, e o bom Deus, como naquela brincadeira que fazemos com as crianças e os ovos de páscoa, a escondeu sob alguma moita, e está torcendo para que eu a encontre. Brincadeira meio sem graça, eu diria, porque estou cansada, porque já tenho meio século de existência, porque já ando meio sem vontade de brincar.
Ou talvez deve existir um armário, o armário dos desenhos perfeitos. Lá estão os originais dos joões, marias, josés, raimundos, aparecidas e betes, e eu só queria ver, eu só queria admirar, como menina que admira a boneca na vitrine, só queria saber como é a bete original que Deus desenhou.
Talvez pedisse para a segurar no colo um pouquinho, só um pouquinho, como costumava implorar às meninas ricas com suas lindas bonecas, que minha mãe me levava a visitar. Seria bom conhecer a minha Eu que tivesse cabelos de verdade, vestidinhos bordados, bolsinha, pentinho de pentear.
Aquela Eu que Deus desenhou e criou perfeitinha, e que deve estar numa linda caixa selada em celofane, em alguma prateleira, aguardando que alguma menina a leve para brincar.
Porque eu preciso descobrir em que momento de minha vida essa criação tão mimosa e tão perfeita se transformou nesta boneca de pano e cabelos de barbante.