Um blogue nada mais é do que um diário virtual.
Não falei nenhuma novidade, você deve ter pensado.
Um blogue é um tipo de Big Brother internáutico.
Creio que você também sabe isso. Uns mais, outro menos, mas todos são vitrines.
Eu vim aqui para me colocar numa vitrine. Você veio aqui para espiar. Espiando minhas idéias, dá para ter alguma noção de como eu estou. Se posto uma poesia romântica, você deduz que estou suspirando por algum amor, e de fato você está certo, creio que é mais ou menos por aí, mesmo que eu não assuma.
Se escrevo um desabafo sobre um assunto qualquer, digamos, o desemprego, você irá concluir que eu devo estar irritadésima com algum embate frente a assuntos dessa natureza.
Creio que você já entendeu, vou prosseguir.
Na vida em família, estamos expostos de forma autêntica. Os que moram comigo me vêem não só de banho tomado, arrumadinha e bonitinha pronta para sair, como também de mal hálito, cabelo espetado, arrastando chinelas, e com minhas roupas eternamente pretas, que adoro, quase sempre manchadas de farinha e respingadas de óleo. Normal.
Na minha casa eu sou eu.
Creio que na sua você também.
Quando você vem aqui para me espiar, creio que você também vem aqui para se espiar, eu pelo menos faço isso em blogues alheios. Gosto de me ver nos outros. É aquela necessidade maluca que temos de sair por aí autenticando nossos pensamentos, e os blogues se prestam a isso também. Muito mais do que formar opiniões, os blogues corroboram as nossas, e é por isso que escolhemos para visitar aqueles que mais ou menos tem o nosso jeitão.
Só que as nossas opiniões se é que as temos, ou falando por mim, que não creio ter tantas assim, são dinâmicas. Hoje acordo de uma noite bem dormida, meus hormônios estão correndo pelo lado correto, aquele dente parou de picar, olho no espelho e meu cabelo está macio, então, pá, sai um texto macio também.
(Vocês não são capazes de acreditar o quanto a beleza do meu cabelo influi no meu bem estar, ou vice versa....)
Amanhã eu acordo de uma noite péssima, e já contei aqui como são minhas noites péssimas, a cachorra arranhou a porta no momento exato em que eu passava pelo sono, acordei com uma enorme dor de cabeça, entrei no site do Banco e entrei em pânico e o meu cabelo está uma vassoura de piaçava.
Texto mal humorado e péssimo.
Mas eu posto meus textos péssimos também. Eu os respeito, tanto quanto respeito aqueles que na minha vaidade sinto que estão otimistas e bons. Porque o meu texto pessimista também fala de mim, e não sei não se não fala muito mais do que os outros.
Com isso eu sei que estou me expondo à beça. Seria muito menos arriscado e bem mais confortável, ou educado, ou gracioso, falar apenas de coisas lindas, e receber de todos os mais altos elogios. Mas essa não seria eu. E eu optei, neste blogue, por falar de mim como eu sou.
Só peço a você de quando entrar aqui lembrar-se disso – que eu estou deixando você entrar em minha casa, e minha casa é às vezes (?) meio bagunçada, então, como costumamos dizer para as visitas, não repare. Se você me achou deprimida hoje, volte amanhã, quem sabe eu não esteja melhor. Ou se me achou mal humorada, ou desesperançada, ou irritada, ou, ou, ou...de repente tudo isso passa, e no dia seguinte estarei ótima.
Ou não.
Mas essa sou eu, esses somos nós, eu pelo menos não conheço ninguém que esteja feliz e de bem com a vida o tempo todo, pleno de certezas e respostas, e desconfio muito de quem se apresenta sempre assim. Sempre desconfiei de pessoas que têm respostas demais.
Isso não quer dizer que não agradeça as palavras de carinho e estímulo que vocês na melhor das boas intenções ocasionalmente deixam aqui, elas são ótimas e me fazem muito bem. Mesmo. Mas não me levem tão a sério, e nem se preocupem comigo tanto assim.
Um exemplo disso tudo o que estou dizendo é a foto abaixo. Noto que esta foto, que não sei se já lhes disse foi tirada para ser assim mesmo, que foi ensaiada para ser um retrato do mote deste blogue (compare com a foto de cima), por muitas vezes incomoda: – você está muito triste nesta foto, dizem...Sei também que não falam por mal. Além de quererem o meu bem (obrigada), é mais confortável mesmo ver todo mundo bem à nossa volta, evita de olharmos para nosso próprio mal estar; se é para autenticar idéias, melhor autenticar as boas, não é mesmo? Não tenha dúvidas de que todos acham que a nossa foto mais agradável é a Nós-Bonitinhos. A Nós-Contentinhos. A Nós-De-Bem-Com-A-Vida.
E o pior é que eu também acho. Principalmente porque quando estou feliz e de bem com a vida meu cabelo fica ótimo.
Mas...
Me lembra a música “Ciranda da Bailarina”, “uma calcinha meio velha quem não tem?...”
Não falei nenhuma novidade, você deve ter pensado.
Um blogue é um tipo de Big Brother internáutico.
Creio que você também sabe isso. Uns mais, outro menos, mas todos são vitrines.
Eu vim aqui para me colocar numa vitrine. Você veio aqui para espiar. Espiando minhas idéias, dá para ter alguma noção de como eu estou. Se posto uma poesia romântica, você deduz que estou suspirando por algum amor, e de fato você está certo, creio que é mais ou menos por aí, mesmo que eu não assuma.
Se escrevo um desabafo sobre um assunto qualquer, digamos, o desemprego, você irá concluir que eu devo estar irritadésima com algum embate frente a assuntos dessa natureza.
Creio que você já entendeu, vou prosseguir.
Na vida em família, estamos expostos de forma autêntica. Os que moram comigo me vêem não só de banho tomado, arrumadinha e bonitinha pronta para sair, como também de mal hálito, cabelo espetado, arrastando chinelas, e com minhas roupas eternamente pretas, que adoro, quase sempre manchadas de farinha e respingadas de óleo. Normal.
Na minha casa eu sou eu.
Creio que na sua você também.
Quando você vem aqui para me espiar, creio que você também vem aqui para se espiar, eu pelo menos faço isso em blogues alheios. Gosto de me ver nos outros. É aquela necessidade maluca que temos de sair por aí autenticando nossos pensamentos, e os blogues se prestam a isso também. Muito mais do que formar opiniões, os blogues corroboram as nossas, e é por isso que escolhemos para visitar aqueles que mais ou menos tem o nosso jeitão.
Só que as nossas opiniões se é que as temos, ou falando por mim, que não creio ter tantas assim, são dinâmicas. Hoje acordo de uma noite bem dormida, meus hormônios estão correndo pelo lado correto, aquele dente parou de picar, olho no espelho e meu cabelo está macio, então, pá, sai um texto macio também.
(Vocês não são capazes de acreditar o quanto a beleza do meu cabelo influi no meu bem estar, ou vice versa....)
Amanhã eu acordo de uma noite péssima, e já contei aqui como são minhas noites péssimas, a cachorra arranhou a porta no momento exato em que eu passava pelo sono, acordei com uma enorme dor de cabeça, entrei no site do Banco e entrei em pânico e o meu cabelo está uma vassoura de piaçava.
Texto mal humorado e péssimo.
Mas eu posto meus textos péssimos também. Eu os respeito, tanto quanto respeito aqueles que na minha vaidade sinto que estão otimistas e bons. Porque o meu texto pessimista também fala de mim, e não sei não se não fala muito mais do que os outros.
Com isso eu sei que estou me expondo à beça. Seria muito menos arriscado e bem mais confortável, ou educado, ou gracioso, falar apenas de coisas lindas, e receber de todos os mais altos elogios. Mas essa não seria eu. E eu optei, neste blogue, por falar de mim como eu sou.
Só peço a você de quando entrar aqui lembrar-se disso – que eu estou deixando você entrar em minha casa, e minha casa é às vezes (?) meio bagunçada, então, como costumamos dizer para as visitas, não repare. Se você me achou deprimida hoje, volte amanhã, quem sabe eu não esteja melhor. Ou se me achou mal humorada, ou desesperançada, ou irritada, ou, ou, ou...de repente tudo isso passa, e no dia seguinte estarei ótima.
Ou não.
Mas essa sou eu, esses somos nós, eu pelo menos não conheço ninguém que esteja feliz e de bem com a vida o tempo todo, pleno de certezas e respostas, e desconfio muito de quem se apresenta sempre assim. Sempre desconfiei de pessoas que têm respostas demais.
Isso não quer dizer que não agradeça as palavras de carinho e estímulo que vocês na melhor das boas intenções ocasionalmente deixam aqui, elas são ótimas e me fazem muito bem. Mesmo. Mas não me levem tão a sério, e nem se preocupem comigo tanto assim.
Um exemplo disso tudo o que estou dizendo é a foto abaixo. Noto que esta foto, que não sei se já lhes disse foi tirada para ser assim mesmo, que foi ensaiada para ser um retrato do mote deste blogue (compare com a foto de cima), por muitas vezes incomoda: – você está muito triste nesta foto, dizem...Sei também que não falam por mal. Além de quererem o meu bem (obrigada), é mais confortável mesmo ver todo mundo bem à nossa volta, evita de olharmos para nosso próprio mal estar; se é para autenticar idéias, melhor autenticar as boas, não é mesmo? Não tenha dúvidas de que todos acham que a nossa foto mais agradável é a Nós-Bonitinhos. A Nós-Contentinhos. A Nós-De-Bem-Com-A-Vida.
E o pior é que eu também acho. Principalmente porque quando estou feliz e de bem com a vida meu cabelo fica ótimo.
Mas...
Me lembra a música “Ciranda da Bailarina”, “uma calcinha meio velha quem não tem?...”