Alguma vez você já sentiu uma necessidade incrível de ter alguém que o defendesse numa questão qualquer?
Como nos nossos tempos das brigas de crianças, não era bom demais quando havia um irmão mais velho? Uma prima boa de briga? Um amigo massaranduba?
Eu tive um amigo massaranduba, ele se chamava Natanael, ou Natá.
O Natá tinha por baixo uns três metros de altura, era um belíssimo rapaz negro, muito forte. Conosco, as garotas da turma, ele era um doce. Mas ai daquele que encostasse um dedo em nós. Encostar um dedo, imaginem, ai daquele que falasse qualquer bobagem de qualquer uma de nós. Ele partia com tudo para cima da pessoa, e muitos corriam só de vê-lo chegando à distância.
Ele também aceitava encomendas. - Natá, fulano falou tal coisa assim assim de mim...
- Deixa comigo, vamos ver se comigo ele tem a mesma coragem. E lá se ia o Natá, e coitadinho do fulano...
Pois é, o tempo passou, e eu perdi o contato com aquele bom amigo, não sei mais por anda o Natá, o defensor da meninada do bairro. Ele defendia os meninos também. Era o nosso herói, o nosso tudo.
Os tempos são outros, e já não tenho mais ninguém que me defenda.
Meus pais, que são pessoas ótimas, têm idade.
Meu filho, que é a alegria e o conforto da minha viuvez, é um rapaz tímido e ainda adolescente em muitas posturas. Assustado, de se ver de repente elevado à posição de arrimo do lar.
Meu irmão é um sujeito genial, amigo mesmo. Mas debilitado mentalmente.
Não tenho mais trabalho. Não tenho marido. Não tenho posses que me permitam contratar advogados. E também não tenho amigos influentes.
E às vezes, nessas voltas loucas que a vida dá, de repente bate, nalguma ou noutra situação, uma vontade incrível de ter de novo, como na minha adolescência, um sujeito massaranduba que me defendesse. Que calasse rapidinho a boca de certos idiotas, como só um amigo massaranduba sabe fazer.
Você já sentiu algo assim? Alguém que diga: - pode deixar, eu vou lá, eu resolvo isso para você. Pode deixar que essa parada é minha. Tal pessoa falou o quê? Ah, pode deixar comigo. Vamos ver se para mim ele repete isso, vamos ver se comigo ele é macho.
Não seria bom demais?
Mas à medida que vou escrevendo, vou notando que minha queixa é infundada. Não tenho mais o Natá, mas tenho um excelente amigo, amigo não, um irmão mais velho, e um irmão que esteve aqui neste mundo justamente para defender questões de pessoas indefesas como eu. E que chegou a ponto de enfrentar uma cruz por isso. Amigo incontestável de mulheres solitárias e viúvas, Ele, o Advogado maior.
Quem precisa de um Natá?
- Pode deixar Bete, essa parada é minha. Saiba que ele mexeu foi comigo. Eu vou lá me entender com aquela pessoa por você. E você pode ter certeza de que isso não irá ficar barato.
Não é bom demais?
Há pessoas por aí que são corajosas para enfrentar viúvas. Quero ver delas a mesma coragem quando derem de frente com meu Advogado.
“...mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhes seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar.”
Do Evangelho de São Mateus.
Como nos nossos tempos das brigas de crianças, não era bom demais quando havia um irmão mais velho? Uma prima boa de briga? Um amigo massaranduba?
Eu tive um amigo massaranduba, ele se chamava Natanael, ou Natá.
O Natá tinha por baixo uns três metros de altura, era um belíssimo rapaz negro, muito forte. Conosco, as garotas da turma, ele era um doce. Mas ai daquele que encostasse um dedo em nós. Encostar um dedo, imaginem, ai daquele que falasse qualquer bobagem de qualquer uma de nós. Ele partia com tudo para cima da pessoa, e muitos corriam só de vê-lo chegando à distância.
Ele também aceitava encomendas. - Natá, fulano falou tal coisa assim assim de mim...
- Deixa comigo, vamos ver se comigo ele tem a mesma coragem. E lá se ia o Natá, e coitadinho do fulano...
Pois é, o tempo passou, e eu perdi o contato com aquele bom amigo, não sei mais por anda o Natá, o defensor da meninada do bairro. Ele defendia os meninos também. Era o nosso herói, o nosso tudo.
Os tempos são outros, e já não tenho mais ninguém que me defenda.
Meus pais, que são pessoas ótimas, têm idade.
Meu filho, que é a alegria e o conforto da minha viuvez, é um rapaz tímido e ainda adolescente em muitas posturas. Assustado, de se ver de repente elevado à posição de arrimo do lar.
Meu irmão é um sujeito genial, amigo mesmo. Mas debilitado mentalmente.
Não tenho mais trabalho. Não tenho marido. Não tenho posses que me permitam contratar advogados. E também não tenho amigos influentes.
E às vezes, nessas voltas loucas que a vida dá, de repente bate, nalguma ou noutra situação, uma vontade incrível de ter de novo, como na minha adolescência, um sujeito massaranduba que me defendesse. Que calasse rapidinho a boca de certos idiotas, como só um amigo massaranduba sabe fazer.
Você já sentiu algo assim? Alguém que diga: - pode deixar, eu vou lá, eu resolvo isso para você. Pode deixar que essa parada é minha. Tal pessoa falou o quê? Ah, pode deixar comigo. Vamos ver se para mim ele repete isso, vamos ver se comigo ele é macho.
Não seria bom demais?
Mas à medida que vou escrevendo, vou notando que minha queixa é infundada. Não tenho mais o Natá, mas tenho um excelente amigo, amigo não, um irmão mais velho, e um irmão que esteve aqui neste mundo justamente para defender questões de pessoas indefesas como eu. E que chegou a ponto de enfrentar uma cruz por isso. Amigo incontestável de mulheres solitárias e viúvas, Ele, o Advogado maior.
Quem precisa de um Natá?
- Pode deixar Bete, essa parada é minha. Saiba que ele mexeu foi comigo. Eu vou lá me entender com aquela pessoa por você. E você pode ter certeza de que isso não irá ficar barato.
Não é bom demais?
Há pessoas por aí que são corajosas para enfrentar viúvas. Quero ver delas a mesma coragem quando derem de frente com meu Advogado.
“...mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhes seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar.”
Do Evangelho de São Mateus.