Minha tia Olívia que mora na Glória tinha umas brincadeiras que eu gostava muito. Ela tinha o hábito de nos chamar para fora à noite, no imenso quintal de sua casa, para brincarmos de dar asas à imaginação. Ela nos estimulava a conversar sobre crendices e lendas, bruxarias, demônios, acho que ela gostava desse tema e queria conversar disso com alguém, e como não havia ninguém disposto a esse assunto numa família de crentes, sobrávamos nós.
Eu adorava quando ela nos pedia pra falarmos sobre como pensávamos que seria o inferno.
O gostoso dessa conversa, é que ela não tinha nenhum tipo de cunho religioso, nada de preocupações com pecado e castigo essa bobajada toda. Ela tratava aquilo como histórias que o povo conta, lendas, nada mais.
Eu adorava.
O curioso da brincadeira, pelo menos vejo isso agora, é que nós nunca recorremos às imagens estereotipadas do inferno, como caldeirões ferventes ou demônios espetando os desgraçados com tridentes em brasa.
Minha prima Noemi gostava de dizer que para ela o inferno ficava no fundo do poço, estimulada talvez pela idéia do poço que havia no quintal, do qual ela tinha um certo medo. Ela dizia que havia um outro poço no fundo daquele poço, e que o inferno então seria lá.
A Maria Lúcia dizia que no inferno as pessoas teriam escamas, como os peixes. Interessante não? Por quais meandros será que lhe veio essa idéia?
O meu irmão, que desde pequeno foi muito apegado à comida, dizia que no inferno os condenados só comeriam chuchu.
Eu via no meu inferno as pessoas grudadas no chão, plantadas feito árvores. E com buracos no lugar dos olhos.
Olha a imaginação da meninada.
Então vamos resumir: o inferno era um lugar no fundo do fundo do poço, habitado por pessoas recobertas de escamas, sem olhos, plantadas no chão feito árvores, e comendo chuchu eternamente.
Lasciate ogni speranza voi ch'entrate.
Eu adorava quando ela nos pedia pra falarmos sobre como pensávamos que seria o inferno.
O gostoso dessa conversa, é que ela não tinha nenhum tipo de cunho religioso, nada de preocupações com pecado e castigo essa bobajada toda. Ela tratava aquilo como histórias que o povo conta, lendas, nada mais.
Eu adorava.
O curioso da brincadeira, pelo menos vejo isso agora, é que nós nunca recorremos às imagens estereotipadas do inferno, como caldeirões ferventes ou demônios espetando os desgraçados com tridentes em brasa.
Minha prima Noemi gostava de dizer que para ela o inferno ficava no fundo do poço, estimulada talvez pela idéia do poço que havia no quintal, do qual ela tinha um certo medo. Ela dizia que havia um outro poço no fundo daquele poço, e que o inferno então seria lá.
A Maria Lúcia dizia que no inferno as pessoas teriam escamas, como os peixes. Interessante não? Por quais meandros será que lhe veio essa idéia?
O meu irmão, que desde pequeno foi muito apegado à comida, dizia que no inferno os condenados só comeriam chuchu.
Eu via no meu inferno as pessoas grudadas no chão, plantadas feito árvores. E com buracos no lugar dos olhos.
Olha a imaginação da meninada.
Então vamos resumir: o inferno era um lugar no fundo do fundo do poço, habitado por pessoas recobertas de escamas, sem olhos, plantadas no chão feito árvores, e comendo chuchu eternamente.
Lasciate ogni speranza voi ch'entrate.