sábado, 3 de janeiro de 2009

O Big Brother



Será que existe o dia nacional do voyerismo?

Calma, calma, calma, quando se fala em voyerismo todo mundo já pensa logo em sexo, nunca vi turma mais maliciosa que vocês meus queridos...

Só vim falar de mais um livro cabeça, o 1984, de George Orwell, o tal do Grande Irmão, acho que o Big Brother chegando aí na tevê me fez lembrar dele.

Foi um livro que levou meu pensamento radicalmente para uma outra dimensão. Até aquela data, lá pelos idos de 80 quando eu o li, tinha comigo a doce ilusão de que estava sozinha no universo, e que ninguém estava preocupado com a minha vidinha.

Mas dentro de minha bolsa já havia um cartãozinho de plástico, naquele tempo se chamava Credicard. A semente do Grande Irmão estava plantada em minha vida e, claro, existiam outras, muitas outras, finamente amarradas me controlando.

Hoje sou serva do maior dos controladores, Mr.Google. E consegui infiltrar até a farinha e o azeite de Elias nessa roubada. Tecle farinha e azeite juntos no Google e verá do que estou falando, aliás, estou macha. Entrou na busca antes de mim um comerciante de azeites, quem ele pensa que é para roubar o MEU lugar? Deixa Elias saber disso.

Mas voltando ao livro, não o tenho mais comigo para esnobar um trecho cabeça. Mas gosto muito de um momento onde o personagem central Winston, recebe sigilosamente um bilhete das mãos de uma moça, Julia. O coração dele bate acelerado, ele pensa em mil coisas, será uma ordem de suicídio? O aviso de uma denúncia anônima? Uma convocação para uma reunião clandestina? Ele se tranca no banheiro, correndo risco mesmo lá, porque todos os banheiros eram vigiados por teletelas, como vemos no Big Brother. Então disfarçando muito, fazendo cara de tranqüilo para não dar na vista, ele abre o bilhete com os dedos trêmulos, que contém apenas a seguinte frase: Eu te amo.