Eu usava uma ampla saia rodada de lã preta com forro de cetim preto que a deixava deslizante, e uma camisa de seda cor de palha, e só de escrever isso já sinto calor. Também sapatinhos de dança flamenca bordô, meias finas champanhe, e complementando esse absurdo uma sombrinha branca rendada alugada a uma loja de artigos para festas chamada Stillus.
Sinto vergonha de contar, mas preciso ser exata: eu tinha costurado flores na barra da saia, lisiantus e chuva de ouro.
Sentada naquele banco de praça, a ampla roda da saia enfeitada tocando o passeio, sapatinhos à mostra, apoiada na sombrinha fechada, eu parecia um quadro, um modelo vivo.
E eu estava fortemente maquilada e perfumada.
- Quem é você, o que faz aqui?
Meu olhar encontrou um homem ruivo de barba por fazer, sotaque estrangeiro, sua pergunta era tão definitiva que eu que odeio ser interrogada por estranhos me vi respondendo, educada:
- Estou aqui para ser fotografada. Não era verdade, mas foi o mais aparentemente sensato que me ocorreu.
- Fique aqui, não ouse sair daqui. Eu volto.
Num português complicado, ele explicou que não tinha consigo os apetrechos de fotógrafo. Misturando palavras nativas e estrangeiras, me recomendando muito que não saísse dali, ele se foi.
E eu maravilhada com a situação, fiquei. Choveu. Chuvinha fina, boba. Mas não saí dali.
Ele voltou em exatos 52 minutos, e com a câmera.
E me fotografou em saia rodada de lã preta enfeitada de flores, camisa de seda cor de palha, sapatos de dança flamenca bordô e meias champanhe. E a sombrinha branca rendada.
Numa das fotos ele pediu para eu tirar o buquê de lisiantus e chuva de ouro da saia e segurar na mão. Não, não tenho as fotos, nunca mais o vi.
Sinto vergonha de contar, mas preciso ser exata: eu tinha costurado flores na barra da saia, lisiantus e chuva de ouro.
Sentada naquele banco de praça, a ampla roda da saia enfeitada tocando o passeio, sapatinhos à mostra, apoiada na sombrinha fechada, eu parecia um quadro, um modelo vivo.
E eu estava fortemente maquilada e perfumada.
- Quem é você, o que faz aqui?
Meu olhar encontrou um homem ruivo de barba por fazer, sotaque estrangeiro, sua pergunta era tão definitiva que eu que odeio ser interrogada por estranhos me vi respondendo, educada:
- Estou aqui para ser fotografada. Não era verdade, mas foi o mais aparentemente sensato que me ocorreu.
- Fique aqui, não ouse sair daqui. Eu volto.
Num português complicado, ele explicou que não tinha consigo os apetrechos de fotógrafo. Misturando palavras nativas e estrangeiras, me recomendando muito que não saísse dali, ele se foi.
E eu maravilhada com a situação, fiquei. Choveu. Chuvinha fina, boba. Mas não saí dali.
Ele voltou em exatos 52 minutos, e com a câmera.
E me fotografou em saia rodada de lã preta enfeitada de flores, camisa de seda cor de palha, sapatos de dança flamenca bordô e meias champanhe. E a sombrinha branca rendada.
Numa das fotos ele pediu para eu tirar o buquê de lisiantus e chuva de ouro da saia e segurar na mão. Não, não tenho as fotos, nunca mais o vi.