Quando vou a museus, ou quando vejo fotos de obras de arte, o que mais me atrai é ver como era a forma de vestir das pessoas. Nunca fui especialista em trajes, mas imagino que as roupas eram confeccionadas ou em algodão grosseiro, ou sarja, ou então seda e veludos, com brocados e fios de ouro. Creio que existia a seda fina, como aquelas que vemos no famoso As meninas em rosa e azul de Renoir, ou então a seda mais encorpada, ou o magnífico tafetá seda e veludos, que vemos na esposa no casal Arnolfini,de Van Eyck, debruados de peles autênticas, portanto caríssimos. Devia ser gritante a diferença de trajes entre ricos e pobres.
Conta-se que São João da Cruz, desejoso ao extremo de vestir-se com absoluta pobreza, escolheu como hábito para si e seus monges o burel, que creio eu ser algo parecido com o que chamamos de saco de estopa. E descalços, apenas os mais velhos calçavam sapatos.
Mas voltando aos museus, adoro ver as magníficas golas folhadas, as imensas armações dos vestidos, as mangas e os laços rendados das camisas dos jovens, e ao mesmo tempo em que acho belo, acho triste. Devia haver muita mão de obra miserável por trás daquele luxo todo, talvez mão de obra escrava mesmo. Para cada coquete luxuosíssima, imagino uma dúzia de pobres costureirinhas, passadeiras, frisadoras de cachos, colocadoras de apliques, maquiladoras, chapeleiras, aplicadoras de seda e pluma em sapatinhos, ou seja, um grupo enorme de servidoras para que uma desocupada arrancasse suspiros masculinos.
Será que isso mudou? O certo é que não temos mais sinhazinhas escravas nos servindo, mas o que dizer das manicures, pedicures, podólogas, maquiladoras, massagistas, cabeleireiras com suas escovas definitivas e tingimentos, depiladoras que nos depilam a alma, isso sem falar em máquinas que nos arrancam a gordura do abdomem, as famolas lipoaspirações...
Paremos por aqui, senão teremos de falar nos sapatos altíssimos que nos fazem rebolar as ancas, as calças justíssimas que nos revelam o mais íntimo das nossas curvas, e decotes e transparências e.....
Na verdade o que gosto de ver nos museus é até onde vai a nossa artificialidade. Porque o que me encanta mesmo, um encanto de menina, que me arranca o prazer da emoção autêntica, é ver Tarsila. E ver Tomie.
Conta-se que São João da Cruz, desejoso ao extremo de vestir-se com absoluta pobreza, escolheu como hábito para si e seus monges o burel, que creio eu ser algo parecido com o que chamamos de saco de estopa. E descalços, apenas os mais velhos calçavam sapatos.
Mas voltando aos museus, adoro ver as magníficas golas folhadas, as imensas armações dos vestidos, as mangas e os laços rendados das camisas dos jovens, e ao mesmo tempo em que acho belo, acho triste. Devia haver muita mão de obra miserável por trás daquele luxo todo, talvez mão de obra escrava mesmo. Para cada coquete luxuosíssima, imagino uma dúzia de pobres costureirinhas, passadeiras, frisadoras de cachos, colocadoras de apliques, maquiladoras, chapeleiras, aplicadoras de seda e pluma em sapatinhos, ou seja, um grupo enorme de servidoras para que uma desocupada arrancasse suspiros masculinos.
Será que isso mudou? O certo é que não temos mais sinhazinhas escravas nos servindo, mas o que dizer das manicures, pedicures, podólogas, maquiladoras, massagistas, cabeleireiras com suas escovas definitivas e tingimentos, depiladoras que nos depilam a alma, isso sem falar em máquinas que nos arrancam a gordura do abdomem, as famolas lipoaspirações...
Paremos por aqui, senão teremos de falar nos sapatos altíssimos que nos fazem rebolar as ancas, as calças justíssimas que nos revelam o mais íntimo das nossas curvas, e decotes e transparências e.....
Na verdade o que gosto de ver nos museus é até onde vai a nossa artificialidade. Porque o que me encanta mesmo, um encanto de menina, que me arranca o prazer da emoção autêntica, é ver Tarsila. E ver Tomie.