Esta história você irá gostar. Um certo amigo meu estava no Japão, num museu cujo nome não me lembro, e lá ele queria fotografar uma fórmula matemática cujo nome também não me lembro, e também não vem ao caso. Ele é professor.
Era proibido fotografar. Claro que brasileiro não leva a sério essa palavra, então ele tentou fotografar escondido. Mas uma terrível japonesa, verdadeira guardiã do templo, passou um pito nele cuspindo uma série de palavras cheias de iti iti iti.
Isso não o fez desistir. Todos os dias ele voltava lá, com a câmera escondida, e a japonesa como que surgia do nada:
- Iti, iti, iti, iti! Nervosíssima.
Meu amigo, vendo desesperado que sua viagem chegava ao fim pensou: será que eu vou ter de matar essa japonesa? Porque ele estava decidido a voltar para o Brasil com a fotografia da fórmula.
A viagem chegava ao fim. Desespero. Uma última tentativa. Em vão, lá estava a terrível japonesa. Mas ela estava com um vago sorriso nos lábios, veio na direção dele e pronunciou em bom português:
- Abacate?
Sim, meus queridos, abacate. A japonesa como todo mundo tinha o seu preço, e o preço eram abacates, que ela queria não para comer, mas para passar no rosto, conforme explicou um intérprete. Se bem que, segundo o meu amigo, no caso dela o abacate no rosto não resolveria muito.
O meu amigo não perdeu a oportunidade de se vingar. Através do intérprete disse:
- Olha, diga o seguinte a ela: que abacate no Brasil é uma fruta muitíssimo rara. Que fica em local de difícil acesso na floresta amazônica. Que somente os índios uca-uca-uca conseguem chegar até lá, e que portanto é caríssimo. Mas diga a ela que eu vou tentar...Ele conta que a moça sorriu numa expressão de gosto...
E ele saiu correndo atrás de um telefone, naquele tempo não existia telefone celular. E passou a missão para sua secretária. Em quarenta e oito horas lá estavam os difíceis abacates, conseguidos certamente com risco de vida pela boa secretária...
E ele voltou com a fórmula, e no avião enquanto lembrava, pensou:
- Sua besta!...
Estou contando isso porque os abacates estão lindos e “de dar com o pé”, hoje vi na feira uma bacia cheia de abacates por dois reais. Felizmente não precisamos de índios uca-uca-uca, e você pode fazer um creminho: bata a polpa de um abacate com 2/3 de copo de leite e açúcar no liquidificador, não muito açúcar, para não perder o delicioso sabor do abacate. Vá colocando aos poucos o abacate, porque senão obstrui as pás. Bata até obter um creme. Coloque em tacinhas e leve ao congelador por trinta minutos antes de servir. Tem gente que coloca limão, mas eu detesto uma coisa com gosto de outra coisa, como dizia Mário Quintana. O único problema de não colocar limão é que você precisa consumir tudo de uma vez, porque abacate ao contato com o ar oxida.
“Pretéja...”
Este blogue está virando espaço culinário não? É a crise.
Era proibido fotografar. Claro que brasileiro não leva a sério essa palavra, então ele tentou fotografar escondido. Mas uma terrível japonesa, verdadeira guardiã do templo, passou um pito nele cuspindo uma série de palavras cheias de iti iti iti.
Isso não o fez desistir. Todos os dias ele voltava lá, com a câmera escondida, e a japonesa como que surgia do nada:
- Iti, iti, iti, iti! Nervosíssima.
Meu amigo, vendo desesperado que sua viagem chegava ao fim pensou: será que eu vou ter de matar essa japonesa? Porque ele estava decidido a voltar para o Brasil com a fotografia da fórmula.
A viagem chegava ao fim. Desespero. Uma última tentativa. Em vão, lá estava a terrível japonesa. Mas ela estava com um vago sorriso nos lábios, veio na direção dele e pronunciou em bom português:
- Abacate?
Sim, meus queridos, abacate. A japonesa como todo mundo tinha o seu preço, e o preço eram abacates, que ela queria não para comer, mas para passar no rosto, conforme explicou um intérprete. Se bem que, segundo o meu amigo, no caso dela o abacate no rosto não resolveria muito.
O meu amigo não perdeu a oportunidade de se vingar. Através do intérprete disse:
- Olha, diga o seguinte a ela: que abacate no Brasil é uma fruta muitíssimo rara. Que fica em local de difícil acesso na floresta amazônica. Que somente os índios uca-uca-uca conseguem chegar até lá, e que portanto é caríssimo. Mas diga a ela que eu vou tentar...Ele conta que a moça sorriu numa expressão de gosto...
E ele saiu correndo atrás de um telefone, naquele tempo não existia telefone celular. E passou a missão para sua secretária. Em quarenta e oito horas lá estavam os difíceis abacates, conseguidos certamente com risco de vida pela boa secretária...
E ele voltou com a fórmula, e no avião enquanto lembrava, pensou:
- Sua besta!...
Estou contando isso porque os abacates estão lindos e “de dar com o pé”, hoje vi na feira uma bacia cheia de abacates por dois reais. Felizmente não precisamos de índios uca-uca-uca, e você pode fazer um creminho: bata a polpa de um abacate com 2/3 de copo de leite e açúcar no liquidificador, não muito açúcar, para não perder o delicioso sabor do abacate. Vá colocando aos poucos o abacate, porque senão obstrui as pás. Bata até obter um creme. Coloque em tacinhas e leve ao congelador por trinta minutos antes de servir. Tem gente que coloca limão, mas eu detesto uma coisa com gosto de outra coisa, como dizia Mário Quintana. O único problema de não colocar limão é que você precisa consumir tudo de uma vez, porque abacate ao contato com o ar oxida.
“Pretéja...”
Este blogue está virando espaço culinário não? É a crise.