Aos lusos: pagar o mico = vivenciar uma situação ridícula, passar vexame.
Eu voltava de Belzonte com minha mãe e meu filho pequeno. Naqueles bons tempos, eu tinha mania de viajar de avião vestida inteiramente em traje social. Bons tempos mesmo. Hoje eu não tenho nem traje social, quanto mais dinheiro para viajar de avião.
No hotel em que estivéramos hospedados, meu filhote se encantou com o frigobar e as latinhas de refrigerantes, não, ele não se encantou com os refrigerantes, ele se encantou foi com as latinhas mesmo. Eu era mãe natureba, meu filho só tomava suquinho disso, suquinho daquilo, refrigerante era algo que ele desconhecia, e muito menos as tais latinhas.
Tive de tomar todo o conteúdo das latinhas, para que ele pudesse trazê-las para casa, encantado. Coloquei todas numa enorme sacola de plástico, pois ele não permitiu que elas viessem na mala, ele as queria junto dele.
Chegamos no saguão do aeroporto. Um detalhe, se é que isso é detalhe: minha mãe tinha comprado para ele, numa feira de artesanato genial que havia por lá, um enorme balão, ultra colorido, em formato de dedão, sabem aquele sinal de positivo? Um enorme dedão colorido do tamanho dele, era lindo o desgraçado do balão.
Mas na chegada ele não quis segurar nem o balão e nem as latinhas, e teve uma crise de manha. Eu fui uma mãe muito paciente, nunca em hipótese alguma perdi a calma com ele, sou assim até hoje. Tudo bem, segurei aquela tralha toda, e o peguei no colo pra ver se a manha dele passava. Mas eu derrubei todas as latinhas no chão, umas cinquenta.
Pim-pim-pim-pim-pimmmmmm no enorme saguão de cerâmica nobre do Aeroporto de Confins, um barulho e um evento que eu gostaria de poder reproduzir para vocês agora, em câmera lenta. Eu mesma gostaria de ver hoje a cara que eu fiz. O choro dele aumentou. Lá fui eu pegar as latinhas, então vamos desenhar a cena para vocês:
Uma mulher em saia de linho justa, blusa de seda, saltos altíssimos, bolsa de grife, penteada, perfumada e maquilada, catando latinhas no chão, e novamente o detalhe: segurando um enorme dedão colorido.
Vocês pensam que acabou? Nãããão! Eu usava um enorme colar de três voltas feito de pedras mineiras, lindíssimo. Que rebentou. Todas as pedrinhas também se espalharam pelo saguão.
E todos os passageiros passaram a me ajudar, até as crianças. Olha aqui moça (naquele tempo eu ainda era moça), olha uma pedrinha! Olha, mais uma! Olha moça, peguei uma latinha! Olha aqui, outra!
E eu desejando que o chão do aeroporto se abrisse aos meus pés, reunindo latinhas, pedrinhas, segurando bagagem, balão e filho ao colo, embarquei asinha, sem olhar para trás.
Eu voltava de Belzonte com minha mãe e meu filho pequeno. Naqueles bons tempos, eu tinha mania de viajar de avião vestida inteiramente em traje social. Bons tempos mesmo. Hoje eu não tenho nem traje social, quanto mais dinheiro para viajar de avião.
No hotel em que estivéramos hospedados, meu filhote se encantou com o frigobar e as latinhas de refrigerantes, não, ele não se encantou com os refrigerantes, ele se encantou foi com as latinhas mesmo. Eu era mãe natureba, meu filho só tomava suquinho disso, suquinho daquilo, refrigerante era algo que ele desconhecia, e muito menos as tais latinhas.
Tive de tomar todo o conteúdo das latinhas, para que ele pudesse trazê-las para casa, encantado. Coloquei todas numa enorme sacola de plástico, pois ele não permitiu que elas viessem na mala, ele as queria junto dele.
Chegamos no saguão do aeroporto. Um detalhe, se é que isso é detalhe: minha mãe tinha comprado para ele, numa feira de artesanato genial que havia por lá, um enorme balão, ultra colorido, em formato de dedão, sabem aquele sinal de positivo? Um enorme dedão colorido do tamanho dele, era lindo o desgraçado do balão.
Mas na chegada ele não quis segurar nem o balão e nem as latinhas, e teve uma crise de manha. Eu fui uma mãe muito paciente, nunca em hipótese alguma perdi a calma com ele, sou assim até hoje. Tudo bem, segurei aquela tralha toda, e o peguei no colo pra ver se a manha dele passava. Mas eu derrubei todas as latinhas no chão, umas cinquenta.
Pim-pim-pim-pim-pimmmmmm no enorme saguão de cerâmica nobre do Aeroporto de Confins, um barulho e um evento que eu gostaria de poder reproduzir para vocês agora, em câmera lenta. Eu mesma gostaria de ver hoje a cara que eu fiz. O choro dele aumentou. Lá fui eu pegar as latinhas, então vamos desenhar a cena para vocês:
Uma mulher em saia de linho justa, blusa de seda, saltos altíssimos, bolsa de grife, penteada, perfumada e maquilada, catando latinhas no chão, e novamente o detalhe: segurando um enorme dedão colorido.
Vocês pensam que acabou? Nãããão! Eu usava um enorme colar de três voltas feito de pedras mineiras, lindíssimo. Que rebentou. Todas as pedrinhas também se espalharam pelo saguão.
E todos os passageiros passaram a me ajudar, até as crianças. Olha aqui moça (naquele tempo eu ainda era moça), olha uma pedrinha! Olha, mais uma! Olha moça, peguei uma latinha! Olha aqui, outra!
E eu desejando que o chão do aeroporto se abrisse aos meus pés, reunindo latinhas, pedrinhas, segurando bagagem, balão e filho ao colo, embarquei asinha, sem olhar para trás.