sexta-feira, 6 de março de 2009

A tangerina roxa...continuação

 8.
- Lindo demais esse tom laranja do vestido de Rowena, você não acha Lidia? eu perguntava no dia seguinte, ao café da manha. Laranja? Betinha, você está bem? Rowena está com um vestido lilás e rosa!

- Como?

Não tivemos tempo de continuar essa conversa, Liliana veio chamar Lidia para uma reunião com Rowena. Quanto a mim, ela me disse que fosse à sala de costuras, ajudar na confecção de roupas para crianças.

Era uma agradável sala de trabalho, e lá estavam seis mulheres, todas da mesma idade que eu. Uma me disse que eu deveria costurar arremates coloridos, viéses, que haviam em sete cores diferentes, em branquinhos lençóis de bebês, tarefa simples.

O silêncio era total, porém era um silêncio confortável, quebrado apenas pelo canto dos pássaros e as brincadeiras das crianças ao longe. Senti saudades do meu filhinho, será que ele estava bem? Uma mulher ao meu lado, sem desviar o olhar da costura me perguntou: você tem filhos? Eu disse que sim, e soube imediatamente que todas ali tínhamos filhos da mesmíssima idade. Então pelo resto da manhã nós trabalhamos conversando sobre assuntos de mamães: mamadeiras, papinhas, doencinhas, cuidados, conselhos úteis, um encanto de conversa. Quando vieram nos chamar para o almoço, notamos que o serviço tinha rendido que era uma beleza, e que nós estávamos alegres e confraternizadas.

Preciso lhes contar algo: eu tive o meu filho num clima muito conturbado, brigas, discussões de família de todo tipo, sofri humilhações, agressões e discriminações no trabalho, por conta disso não tive nem ânimo de preparar o enxoval. Já chegava próximo o momento dele nascer e não havia uma única pecinha de roupa. Foi minha mãe, que retirou umas economias da poupança e iniciou o meu enxoval, e também Lidia, que me deu várias peças de presente, daí em diante eu me animei.

Agradeço imensamente a Deus a oportunidade que tive de resgatar isso em mim. Ao lado daquelas delicadas mamães pude me religar com aquele elo partido...pude, de certa forma, costurar o lençol do meu próprio bebê, atividade que em minha atordoada gravidez não pude nem pensar em realizar.

Após o almoço eu soube que à tarde seria a minha vez de ter uma reunião com Rowena.

Continua...