4.
O mapa era perfeito, até mesmo para mim que sou péssima com mapas. Dava para entender até de ponta cabeça, não tive dificuldade alguma em chegar. Havia uma bandeira que constava no mapa, lá estava ela, num alto mastro, uma bandeira totalmente branca, que apesar da terra vermelha do lugar estava inacreditavelmente limpa. Numa discreta placa no chão estava escrito: são bem-vindos todos os homens e mulheres de boa vontade, em vários idiomas, sendo que um dos últimos eram caracteres que eu jamais tinha visto.
A entrada da comunidade ficava numa pequena elevação, para chegar lá tive de subir uns dez minutos por um caminho de terra bem aplainado, ladeado por grama verde bem cuidada, e muitas árvores frutíferas, senti cheiro de limões e tangerinas. O local era cercado por tela de galinheiro das mais comuns, aquilo já me irritou - tela de galinheiro? onde está a tecnologia extra terrestre?
Aquela tela se perdia na vegetação à minha esquerda e à minha direita. Na minha frente, um portão de madeira também dos mais simples, encaixado em esquadrias de metal. Nenhum tipo de tranca ou fechadura.
- Agora...agora eu faço o que, exatamente? Cadê o enigma? Cadê o vigia da torre para me fazer a perguntinha?
Naquele tempo não existia telefone celular, então eu nem sabia se minha amiga estava realmente lá dentro. Situação das mais absurdas, pensei. O portão era baixo, que eu poderia transpor com facilidade, mas eu nem sonhava em fazer isso. Se há um enigma, há um enigma, pensei, mas muito pior do que não saber a resposta é não saber qual a pergunta.
E sentei no chão, desconsolada, já pensando em começar a traçar meu plano de retirada, e lembrando desolada que não tinha visto nenhum hotel ou restaurante pelas redondezas. Teria de voltar mesmo a seco - cansada e faminta.
Cansada? Faminta? é isso, pensei. Lidia me ensinou algumas técnicas de relaxamento e meditaçao. Vai ver que os tais seres só me permitirão entrar aqui zen e relaxada. Coloquei-me na tal posição de lótus e tentei relaxar.
Impossível. Eu não conseguia relaxar nem nos templos onde Lidia me levava, com musiquinha indiana e cheirinho de incenso, não seria ali que eu conseguiria, cansada, faminta e me sentindo trapaceada e vexada.
E se eu tomasse um banho? Tinha visto um riachinho torto há um quilômetro da subida, e se eu voltasse lá e...não, estou exausta, não aguento dar mais um único passo.
Então a natureza me mostrou as árvores, e eu vi que havia tangerinas em profusão. Com a ajuda de uma vara, eu consegui descer uma boa porção delas.
Desalentada, chupei as tangerinas, que estavam ótimas, e aquele sabor doce foi me revigorando, a ponto de me fazer olhar melhor à minha volta e observar o céu, os passarinhos, a suavidade do lugar, a ponto de sentir o cansaço ir passando. Chupei mais uma tangerina, dessa vez dando-me conta de que jamais tinha provado fruta tão doce. Resolvi colher mais, para levar para a Lidia - pensando bem, vou colher várias, para levar para todos, essas frutas estão muito maduras, vão estragar aqui, pensei.
Estava entretida nessa colheita, me sentindo mesmo uma criança a cutucar os frutos com a vara, e dando até risada da minha dificuldade em descê-las, feliz como uma criança, quando ouvi um delicado clique.
O portão se abrira.
Continua...
O mapa era perfeito, até mesmo para mim que sou péssima com mapas. Dava para entender até de ponta cabeça, não tive dificuldade alguma em chegar. Havia uma bandeira que constava no mapa, lá estava ela, num alto mastro, uma bandeira totalmente branca, que apesar da terra vermelha do lugar estava inacreditavelmente limpa. Numa discreta placa no chão estava escrito: são bem-vindos todos os homens e mulheres de boa vontade, em vários idiomas, sendo que um dos últimos eram caracteres que eu jamais tinha visto.
A entrada da comunidade ficava numa pequena elevação, para chegar lá tive de subir uns dez minutos por um caminho de terra bem aplainado, ladeado por grama verde bem cuidada, e muitas árvores frutíferas, senti cheiro de limões e tangerinas. O local era cercado por tela de galinheiro das mais comuns, aquilo já me irritou - tela de galinheiro? onde está a tecnologia extra terrestre?
Aquela tela se perdia na vegetação à minha esquerda e à minha direita. Na minha frente, um portão de madeira também dos mais simples, encaixado em esquadrias de metal. Nenhum tipo de tranca ou fechadura.
- Agora...agora eu faço o que, exatamente? Cadê o enigma? Cadê o vigia da torre para me fazer a perguntinha?
Naquele tempo não existia telefone celular, então eu nem sabia se minha amiga estava realmente lá dentro. Situação das mais absurdas, pensei. O portão era baixo, que eu poderia transpor com facilidade, mas eu nem sonhava em fazer isso. Se há um enigma, há um enigma, pensei, mas muito pior do que não saber a resposta é não saber qual a pergunta.
E sentei no chão, desconsolada, já pensando em começar a traçar meu plano de retirada, e lembrando desolada que não tinha visto nenhum hotel ou restaurante pelas redondezas. Teria de voltar mesmo a seco - cansada e faminta.
Cansada? Faminta? é isso, pensei. Lidia me ensinou algumas técnicas de relaxamento e meditaçao. Vai ver que os tais seres só me permitirão entrar aqui zen e relaxada. Coloquei-me na tal posição de lótus e tentei relaxar.
Impossível. Eu não conseguia relaxar nem nos templos onde Lidia me levava, com musiquinha indiana e cheirinho de incenso, não seria ali que eu conseguiria, cansada, faminta e me sentindo trapaceada e vexada.
E se eu tomasse um banho? Tinha visto um riachinho torto há um quilômetro da subida, e se eu voltasse lá e...não, estou exausta, não aguento dar mais um único passo.
Então a natureza me mostrou as árvores, e eu vi que havia tangerinas em profusão. Com a ajuda de uma vara, eu consegui descer uma boa porção delas.
Desalentada, chupei as tangerinas, que estavam ótimas, e aquele sabor doce foi me revigorando, a ponto de me fazer olhar melhor à minha volta e observar o céu, os passarinhos, a suavidade do lugar, a ponto de sentir o cansaço ir passando. Chupei mais uma tangerina, dessa vez dando-me conta de que jamais tinha provado fruta tão doce. Resolvi colher mais, para levar para a Lidia - pensando bem, vou colher várias, para levar para todos, essas frutas estão muito maduras, vão estragar aqui, pensei.
Estava entretida nessa colheita, me sentindo mesmo uma criança a cutucar os frutos com a vara, e dando até risada da minha dificuldade em descê-las, feliz como uma criança, quando ouvi um delicado clique.
O portão se abrira.
Continua...