Meu filho veio me dizer que não vê motivo algum para continuar vivendo, e antes que vocês digam que é deprê de rebelde sem causa, posso dizer que ele apresentou sólidos e desconcertantes motivos. Maduros demais para a idade dele, eu diria,
Como mãe fico preocupada, mas meu lado prático nota que ele ainda se preocupa com a aparência e os cabelos, então nem tudo está perdido.
Não tive grandes argumentos para discursar em prol de nossa existência, também estou nesta viagem sem bússola e sem mapa, e ao contrário de muitos que conheço, ainda nem o meu trem eu consegui pegar. Ainda estou na estação com aquele ar aparvalhado de quem está à procura de um fiscal para perguntar, senhor, de que lado fica...Enquanto muitos me sorriem e acenam das janelinhas, eu ainda não consegui sequer entender os horários da ferroviária.
Mas confesso que ainda ajeito as sobrancelhas, tinjo de castanho acaju as raízes brancas, e dia sim dia não tomo o 46 da homeopática, e isso é o mais perto que consigo chegar de uma oração. Traduzido em prece significa algo como um Sim, ainda.
Uma prima minha chegou há um tempo atrás com esse mesmo discurso sorumbático, deve ser mal de família, e eu me peguei falando que achava que valia a pena viver porque a Igreja de Cristo ainda estava aqui na Terra.
Hoje eu acho graça dessa imensa mistura de esperança com ingenuidade, e meu discurso está bem mais moderado, resumido mesmo no Sim aí de cima.
Minha pinça de sobrancelhas e meu aparato de tinturas são o meu missal e minha reza. Sim Deus, sim, um cansado sim, e ainda.
Oro para que o seu Sim seja qualquer coisa boba assim, filho querido, um curso de pré vestibular, mais uma esticada nos cabelos que você insiste em esticar, uma caminhada por aí, um Sim desses, que fazemos a todo instante.
Um dia entenderemos como isso acaba, mas eu só lhe peço: fica comigo, fica conosco, fica aqui. Vai ser interessante conhecermos juntos o fim desta história. Ou não. Mas será bom assim mesmo. Nem que seja por pura teimosia, vamos continuar essa nossa caminhada na presença de Deus, quem sabe um dia a gente não ouça dEle o seu Sim.
Como mãe fico preocupada, mas meu lado prático nota que ele ainda se preocupa com a aparência e os cabelos, então nem tudo está perdido.
Não tive grandes argumentos para discursar em prol de nossa existência, também estou nesta viagem sem bússola e sem mapa, e ao contrário de muitos que conheço, ainda nem o meu trem eu consegui pegar. Ainda estou na estação com aquele ar aparvalhado de quem está à procura de um fiscal para perguntar, senhor, de que lado fica...Enquanto muitos me sorriem e acenam das janelinhas, eu ainda não consegui sequer entender os horários da ferroviária.
Mas confesso que ainda ajeito as sobrancelhas, tinjo de castanho acaju as raízes brancas, e dia sim dia não tomo o 46 da homeopática, e isso é o mais perto que consigo chegar de uma oração. Traduzido em prece significa algo como um Sim, ainda.
Uma prima minha chegou há um tempo atrás com esse mesmo discurso sorumbático, deve ser mal de família, e eu me peguei falando que achava que valia a pena viver porque a Igreja de Cristo ainda estava aqui na Terra.
Hoje eu acho graça dessa imensa mistura de esperança com ingenuidade, e meu discurso está bem mais moderado, resumido mesmo no Sim aí de cima.
Minha pinça de sobrancelhas e meu aparato de tinturas são o meu missal e minha reza. Sim Deus, sim, um cansado sim, e ainda.
Oro para que o seu Sim seja qualquer coisa boba assim, filho querido, um curso de pré vestibular, mais uma esticada nos cabelos que você insiste em esticar, uma caminhada por aí, um Sim desses, que fazemos a todo instante.
Um dia entenderemos como isso acaba, mas eu só lhe peço: fica comigo, fica conosco, fica aqui. Vai ser interessante conhecermos juntos o fim desta história. Ou não. Mas será bom assim mesmo. Nem que seja por pura teimosia, vamos continuar essa nossa caminhada na presença de Deus, quem sabe um dia a gente não ouça dEle o seu Sim.